Algo nela estava diferente e não importava a posição que eu me deitasse, não conseguia voltar a dormir. Me levantei e quando fui sentar nela de novo notei o que havia de errado: O teu canto estava vazio e ele implorava pelo teu corpo deitado ali.
Também entendi porque o meu travesseiro estava tão duro. Troquei a fronha dele na semana passada e a de agora não tinha mais o teu cheiro e como um viciado não consegue relaxar sem seu vício, ele não conseguia voltar ao seu estado normal sem um pouco da tua dose semanal.
E o meu quarto ficou um caos depois de tanto tempo longe de ti. Sem a tua presença ele resolveu que não era mais interessante parecer organizado (só parecer, porque nunca foi mais do que aparência) e largou de mão. Hoje acho roupas nos lugares mais improváveis possíveis, ontem mesmo recuperei um short que estava há dias junto com meus tênis.
Sem ti, meus beijos ficaram mais curtos e menos explosivos. Ou inflamáveis. Não sei bem definir a química que acontece entre nós dois, não sei se é fogo ou só paixão esse calor que sinto quando estou ao teu lado, mas é contigo e com mais ninguém que sinto. E como um protesto por essa distância entre nós, meu corpo resolveu me atacar. Primeiro pelo estômago, as borboletas se foram e agora ele anda vazio demais, como muito e nada o satisfaz. Depois subiu e foi pra minha garganta. Amigdalite, faringite e muita dor pra lembrar que as outras bocas não são tão seguras quanto a tua. Atacou minha visão, vejo menos cores sem você no meu dia-a-dia e agora começa a chegar na minha cabeça, teu rosto resolveu aparecer nos meus sonhos e acordo no meio da noite pensando ter te ouvido falar. Fiquei a beira da loucura, completamente entregue a ti.
Por fim, mas não menos importante os meus textos. Minhas palavras, por quase sempre serem dedicadas à você, estão menos sinceras. Algo que aumenta o tempo de escrita, já que eu preciso selecionar as palavras e ir lapidando até que fiquem mais verossímeis possíveis, não é algo fluído, fica feio, fica bruto. A distância dos teus suspiros, afetou as minhas vírgulas, da tua boca, os meus clímax, do teu sorriso, as minhas metáforas e das tuas curvas, as minha linhas. Tá tudo muito reto, muito sem graça.
O público gostava de você mesmo sem te conhecer e eu percebi isso pela queda brusca de acessos à página, o povo gostava de você comigo e – levando em consideração que a voz do povo, é a voz de Deus – o figurão lá de cima em pessoa também.
E por isso entenda, toda essa necessidade de te ver não é culpa minha. É tua. Você de pouco em pouco viciou todos os aspectos do meu dia-a-dia e agora eles ficam suplicando no meu ouvido o quanto querem você de volta. Então sei lá, se você não tiver nada pra fazer na próxima sexta, pode passar a noite aqui. Ou a semana toda. Já que acho, pelo menos por enquanto, pedir uma vida é demais.
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