Tudo o que eu quero te dizer

Ou ao menos, uma tentativa de verbalizar sobre amores não entendíveis.

Vem aqui, senta. Você está bem acomodado? Bom, não é dessa forma que eu queria conversar com você, planejei te contar todas essas palavras enquanto tomávamos um café. Mas pra falar a verdade, nem sei se você gosta de café. Servido? Pega sua caneca, enche até a borda e vamos lá.

Venho rabiscando sobre você nos meus cadernos faz um tempo. Tenho um amigo que não aguenta mais ouvir sobre você. Então eu desenho olhos vermelhos, trechos de musicas que eu sei que você escuta, desabafos -como esse- mas nunca consigo terminar.

De todos, o mais curioso que fiz foi uma linha no meio da página em branco e um ponto em um lugar aleatório da página.

Não sabia onde te colocar e acho que isso foi significativo demais para mim, uma pessoa que gosta de categorizar tanta coisa.

No fundo, tudo se torna uma tentativa falha de tentar traduzir alguma coisa. Te encaixar em algum canto. Acho que existem pessoas complicadas demais para serem nomeadas. Hoje chamo o que sinto por você de amor, mas mesmo assim, algo me inquieta: é menos que isso. Mas sigo sem saber o que.

Acho que nesse ponto da conversa, você começaria a entender porque viemos tomar café. Te chamei aqui para te contar que de todas as minhas coleções de histórias platônicas e não resolvidas, de alguma maneira você se destacou.

Não me pergunte, eu não sei o porque, mas faz mais de um ano que você se tornou um grande ponto de interrogação na minha cabeça, um ponto sem lógica numa página minimalisticamente ajeitada. Isso é confuso pra caramba.

Talvez eu goste de você; ou apenas quero ter certeza que você realmente não veio na melhor hora para mim. Alguma dessas duas variáveis, ou outras tantas para considerar.

Esse é o problema dos amores não entendíveis, sempre queremos colocá-los em algum canto da nossa vida, então jogamos eles cada vez mais e mais para o futuro. Torcendo, esperando por um tempo que não sabemos se virá.

Um dia a gente se encontra de novo, eu espero. O contrário, é doloroso demais para pensar.

Então eu pago a conta imaginária, afinal, eu que te chamei aqui. Um expresso e um macchiato. No total, uns 12 reais e a vergonha na cara de nunca ter te dito tudo isso -ou ter te pago um café de verdade.

Sofia Aureli

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