Recomendo ouvir Disritmia, enquanto ler esse texto 🙂
Oi,
Desculpa a bagunça tá? É que as coisas andavam tão paradas por aqui que achei melhor nem arrumar a casa, não estava pronto pra tua chegada e acredito que seja melhor assim. As melhores coisas da vida não são planejadas e você nunca fez parte de nenhum dos meus planos, foi entrando queitinha e de pouco em pouco fez de músicas a disritmia do meu coração.
Encontrou por trás da casca dura o garoto assustado que não sabia lidar com os sentimentos que a vida lhe dava. Com a tua mão me conduziu pelo salão e (mesmo sem saber) me tirou pra dançar. Desenterrou o balé dos teus tempos de criança e de jetté em jetté pulou pra minha cama. E dali, fez o seu refugo. Ou o meu.
Escondido sob a tua saia fugi de um mundo que não tolera amadores e sob a retina desses olhos tão lindos, sorri. Com a inocência de uma criança voltei a acreditar em conto de fadas, não que isso seja difícil já que você até parece um pouco uma princesa.
Embrenhado no emaranhado dos teus cabelos me prendi nos teus nós e ali fiquei. Encontrei a tua boca, me deparei com teu pescoço e de mordida em mordida viciei no doce da tua pele. E como um viciado não me contentei com uma única dose. Completamente entregue a ti desisti de qualquer resistência e te coloquei na minha história.
Te fiz poemas, sem rimas ou ritmo, te fiz contos, muitas vezes mal pontuados e crônicas, cronicamente repetitivas e acostumadas a falar de você. Meus substantivos definem, meus adjetivos agem e meus verbos viraram coisas. Completamente bagunçado, mas com um sorriso no rosto, ficou o meu coração.
Que de vagabundo não tem mais nada.