Hoje eu saí pra jogar bola. Fui ver se algum exercício resolvia os meus problemas, esfriava a minha cabeça, esticava as minhas pernas e ocupava a minha mente. Não é mais tão legal ficar preso no quarto sem comer nem dormir. Passou a me dar a impressão de que eu estava tentando (sobre)viver da luz do sol. Adivinha só o que eu descobri? Nenhum ser humano vive disso! E foi aí que comecei a ficar pior ainda: meu corpo ficou frágil e minha saúde também. Fiquei um pouco doente, mas quem disse que queria me tratar? Não importava mais nada que não fosse aquele quarto escuro e a minha falta de vontade de mover um músculo sequer.
Havia tempo que não jogava nada, ô se havia. Na minha cabeça irracional, não existiam mais alternativas na vida. O que acabou? Foi minha trajetória ou foi o nosso amor? Porque um pode ser parte do outro, mas nunca um caminho apenas. Você não vive sem amor, mas você vive sem um amor específico.
O geral é importante. É importante amar seus pais, dar a eles o devido valor, amar seus amigos que sempre estão ali por você e amar também aquele seu professor de primário que te ensinou o bê-a-bá da vida. A gente tem que amar e sair amando mesmo, mas nunca desistir de ser amado. Isso sim, é loucura. Se nos damos chance de pensar dessa forma, passamos a ver o mundo com olhos de rancor. Tudo é pretexto para sermos egoístas e inflacionados de ego, ou, pior ainda, tudo vira um verdadeiro obstáculo, posto ali apenas para deixar a nossa vida mais imprestável do que ela já está sendo.
Somos coisas tão belas e tão únicas, e em algum momento perdemos isso. Perdemos essa vontade louca de saber como nós mesmos vamos reagir ao que vai acontecer no futuro. E o que vai acontecer? Eu não sei, nem você. Essa é a graça. A mente enfraquecida acha que tudo vai ser uma eterna repetição daquela tristeza, daquele momento. É por isso que nossa cabeça parece pesar uma tonelada. Parecemos não sermos feitos pra chorar o que nosso corpo quer. Nada é o bastante pra que esse sofrimento passe. É como se tivessem enchido um balão no lugar do nosso cérebro, e ele está cada vez maior. Não existe espaço para uma reflexão diferente, estamos presos ao que pode fazer aquilo estourar, pois isso parece ser o mais importante.
Pois, saiba que existem outras saídas. E são tão óbvias quando as encontramos que questionamos nossa sanidade de modo cômico: como podemos achar soluções tão simples para problemas que parecem tão grandes? Onde foi que nossa sagacidade se escondeu durante esse tempo?
Eu saí pra jogar bola. Eu fui até o parque correndo e voltei, medindo no cronômetro quanto tempo esse rolê dava. Eu fiz isso mais umas 200 vezes desde que comecei a contar. Eu comi em lugares que não havia comido, com pessoas que nunca havia saído, conversando sobre assuntos que antes não entendia. Eu ensinei coisas novas para algumas pessoas e elas me ensinaram de volta, coisas que elas já sabiam há anos, mas que para mim, era pura novidade. Eu fui atrás de aprender algumas coisas relacionadas a música e a minha profissão, porque pra mim, isso parece ser meu futuro. Sim, pelo jeito o mundo tem muita coisa pra fazer, eu não sei nem mesmo o que vai ser de mim daqui um ano.
Eu saí pra nunca mais voltar. Mas, isso não é ruim. O meu eu que costumava querer voltar pra casa e ficar trancado não era um dos que eu mais gostava. Tudo é experiência, e ele me ensinou algumas coisinhas aqui e ali. Hoje, é apenas uma lembrança da qual tenho total controle e posso dizer, com sinceridade, que se foi. Adeus, e olá pra quem me conhece hoje, sabendo que posso deixar dias mais felizes apenas com pequenas atitudes. Me abraça, mundo.
Lucas Fiorentino
@lucasfiore_