Hoje eu sonhei contigo

Você me tirou da cama hoje. Acordei sem ar, tateando a bancada na busca do meu celular. A rima foi só pra dar um pouco de graça pro início do texto, já que você sempre ficava sem, quando fazia das minhas linhas, um pouco tuas. Então senta, coloca esse óculos (se você não tiver com lente) e se prepara, porque lá vai mais um.

Hoje eu sonhei contigo. Passeei pelas escadas do meu prédio e encontrei por diversas vezes nós dois nos “engraçando” – como suas amigas falavam – por ali. Vi teus beijos no meu pescoço e a minha cara de quem gostava do que acontecia. Sorri meio idiota quando minha mão boba e esperta, deslizava até o limite do teu short e te trazia pra mais perto de mim. Tua mordida no meu lábio era o oxigênio que faltava pro nosso fogo começar. E foi ali, que esse incêndio que tomou conta de nós começou. Ironicamente as escadas eram de emergência. Como se o destino nos avisasse para irmos com cuidado.

Óbvio que os nossos encontros não foram sempre tão intensos, a gente tinha nossos momentos de paz. Nossas tardes sem fazer nada acabaram tornando as quintas-feiras os dias preferidos da minha semana. Os filmes de terror te traziam pra cima de mim e em alguns minutos a gente já tinha esquecido da televisão e começávamos a inventar algum romance pra gente viver.

Você tinha tuas tardes de Bela Adormecida e se o príncipe encantando resolvesse te acordar com um beijo, acabaria enfrentando algum tempo de mau humor. Tuas noites de Cinderela, a demora para se arrumar quase sempre se justificava, não me canso de repetir, você é linda. Mas nas tuas noites de Cinderela conseguia ficar ainda mais. Eu tinha as minhas vezes vira de Fera, me irritava, perdia a compostura, mas você, sempre Bela, conseguia me acalmar, às vezes berrando mais alto, às vezes com aquele chamego só você sabia me dar.

A gente não era perfeito e eu sempre soube muito bem disso. Nos desencontrávamos de vez em quando, a vida tem muitos caminhos e bastava um desvio pra gente sair da rota. Só que do nosso jeitinho, nos encontrávamos de novo. Quase sempre em algum bar, porque álcool é inflamável e nada melhor que um pouco dele para curar a nossa falta de fogo. Incandescíamos no bar, nos apagávamos nos cobertores. Enrolados no edredom víamos o Sol nascer e a ressaca surgir, um banho gelado e um beijo molhado (rimou de novo) iniciavam o dia. Sentados, eu tomando nescau, você toddy, mexíamos no celular buscando algo pra fazer.

Até que surgia a ideia do cinema e o cinema virava balada e a balada virava bebida, aí já viu né? Fogo.

Tínhamos nossos finais de semana de preguiça, de antibiótico, de gripe e cada um deles com seu gostinho diferente. Em alguns meses acabamos com o Netflix e HD externo. Começamos a apelar pra receitas, parque, academia, os programas foram variando até que aquele ponto de interrogação pairou sobre nós. “O que a gente é?” O não sei foi resposta por um tempo, um bom tempo. E sem saber muito bem, fomos sendo nós, até que um dia, a vida bateu na porta e no meio da nossa indefinição, acabamos virando nada.

A vida tem muitos caminhos e a gente acabou pegando alguns que nos separaram. E nos meus caminhos, você virou uma lembrança gostosa, que me provoca risos ao aparecer.

Hoje eu sonhei contigo e embora os caminhos estejam separados, de vez em quando, ficam paralelos. Só pra gente poder caminhar lado a lado um pouquinho.

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Bruno Amador – clique para me conhecer melhor.

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