Hoje eu decidi te expulsar da minha vida

Moça, hoje eu decidi te expulsar da minha vida.

Desculpa, “expulsar” foi muito rude. Deixa eu recomeçar.

Nunca te prometi mundos e fundos, ou fui extravagante demais, sempre fui contigo, como sou com todas que deixo entrar na minha vida e caminhar pelos meus corredores, simples. Só que você, diferente de todas as outras, me atraiu um pouco mais. Já falei dezenas de vezes sobre ti e o teu jeito por aqui e não vou voltar nisso, não só por não haver merecimento, mas porque acabaria me perdendo quando chegasse no teu sorriso.

Logo eu, a pessoa que por querer ser rápido demais acaba virando gago, me adaptei à tua calmaria. Dancei lento contigo pelas tuas curvas tão bem definidas. Eu, milagrosamente, minei a minha ansiedade.

Minar.

Moça, hoje eu decidi te minar da minha vida. De pouco em pouco irei me esforçar ao máximo para apagar os resquícios de ti que fazem parte do meu dia a dia. Ao começar pelas nossas conversas. Irei parar de te chamar e dar trela aos teus assuntos que não levam em nada, não que você seja ruim de papo, é muito bom conversar contigo e é esse o problema. A gente não sai da conversa e por mais que tenha te mostrado que o lado de cá é bem mais gostoso que o daí, você insiste em se apegar nas efemeridades.

E embora também saiba ser efêmero, comecei a querer um pouco mais de significado nas relações que me cercam.

Olhe bem a palavra, significado, não definição.

Significar é reconhecer valor, dar importância a algo, ou alguém e você sabe como ninguém o quanto te valorizei.

Definir é chato. Impõe limites e sempre gostei de quão ilimitados poderíamos ser. Poderíamos ser perfeitos no pretérito, mas o nosso presente é vazio e sem significado porque você resolveu nos definir. Nos limitou mesmo sabendo de todas as possibilidades que podíamos ter. Agora o pretérito virou imperfeito.

De pouco em pouco teu jeito vai passar a ser passado na minha vida, dando espaço a algum presente. Ou alguns. Novamente, não vou me definir.

Eu sei que vai ser meio difícil no início, foi difícil te trazer até aqui, vai ser difícil te fazer sair. A gente é compatível demais e eu tenho um coração mole e carne fraca. Irei ceder, não nego. Provavelmente vou me pegar trocando olhares contigo em alguma festa daqui uns meses e por estar bêbado, irei me aproximar de ti. Só que diferente das outras vezes, não vou abrir a porta pra você de novo. Não vou me permitir ser preso a algo que me impeça de ser o que eu mais gosto. Indefinido; leve.

Eu cansei, sabe moça. Cansei das nossas curvas, que embora fossem nossas sempre nos levavam a você. Nunca a mim. E realmente não acredito que seja egoísmo teu, pode ser certa imaturidade ou falta de interesse, em ambos os casos. Não dá mais.

Não dá mais pra trilhar um caminho em que você não anda, não dá mais pra selar acordos unilaterais, não dá mais pra ser sempre o mais. O mais falante, o mais articulado, o mais decidido, o mais maduro, o mais atencioso e o mais paciente. Não dá mais.

O tempo vai te banir dos meus cobertores, te arquivar no meu celular e, finalmente, apagar os teus fios, os teus sorrisos, os teus olhos e (por mais que isso doa em mim) o teu corpo das minhas linhas.

“Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo digere, tudo acaba”. E essa nossa brincadeira também.

Bruno Amador – clique para me conhecer melhor. No Instagram e Snapchat: @brunoamador

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