Ontem dividimos o mesmo copo novamente depois de um bom tempo. Um pouco acima do peso, com os olhos pesados, mas com o mesmo sorriso que você gostava, eu admito que gostei de te ver. Tua presença me traz uma serenidade que nunca consegui explicar muito bem. Meu riso fica mais fácil, eu bebo mais e topo absolutamente qualquer coisa. Chego em casa às 6h da manhã e fico revirando na cama porque ainda não perdi o pique.
A distancia acizentou tua aparência, admito que não me lembrava de quanto o teu cabelo voava fácil e do brilho que seus olhos têm. Porém a tua companhia é exatamente como me lembrava. A tua companhia sempre foi maravilhosa.
E depois de algumas horas contigo notei que, assim como eu, você mudou muito. Tuas aspirações, ideais e convicções estão mais maduras, a menina que conheci virou uma mulher. Uma senhora mulher. Sem segundas intenções eu quis saber mais, pessoas complexas de opiniões fortes me intrigam e ser força sempre foi algo que admirei em ti. Tua capacidade de tomar decisões que vão muito além de ti, tua frieza em certos momentos e tua paixão pela vida. É raro ver pessoas que de fato aproveitam o momento, sabe? Vivem na plenitude as pequenas felicidades que a vida pode nos dar.
Por isso, quero te redescobrir.
Queria saber se você ainda dorme de lente porque bebeu demais e acorda com os olhos vermelhos. Se você ainda ronca baixinho ou dorme de boca aberta babando no travesseiro. Se as tuas pernas ainda precisam de algo entre elas pra dormir bem e caso precisem gostaria de oferecer a minha coxa. Se o teu jeito de dividir os cobertores ainda é extremamente possessivo e me descobriria caso não dormíssemos tão próximos um ao outro. E caso você ainda me descobrisse eu gostaria de garantir que você seria redescoberta como retaliação pelo ato.
E se o teu gosto musical ainda se encontra com o meu e se você ainda gosta de filmes de terror, pipoca e coca-cola porque convenhamos, não dá pra tomar suco enquanto se come pipoca. Assim como não dá pra assistir qualquer filme contigo do lado. Porque não demora até as mãos começarem, até os olhos se encontrarem e as bocas se esbarrarem. A real é que talvez o problema seja eu. Eu e a minha constante vontade de querer morder o teu pescoço. A tua barriga. E permanecer a rota bem devagar até o meio das tuas pernas.
Eu quero te redescobrir. Redescobrir o perfume que figura no teu corpo. A marca ainda deve ser importada, mas o aroma mais cítrico já que, com toda a certeza a vida te deixou um pouquinho azeda. Só um pouquinho, porque nem mesmo a vida seria capaz de tirar todo o doce que envolve o teu ser. Doce transmitido pelo toque e pelo cheiro. Doce que ao esquentar, fermenta e vira álcool altamente inflamável e incandesce depois dos teus beijos. E por falar em beijos, queria saber se eles ainda mantém a qualidade ou se precisam de alguns ajustes, nada muito grande já que isso você sempre soube fazer bem. Não só isso, mas o que vem depois a gente precisaria descobrir. Sem cobertas a gente de resolveria.
Eu quero te redescobrir. Mas sem pressa e sem ansiedade. Vem devagar. Vamos redescobrir o nosso ritmo, redefinir alguns limites e refazer alguns dos nossos nós que foram desfeitos.
Vamos nos redescobrir. Deixar um pouco de ar entrar, o tempo agir e a vida acontecer. Até porque, embora não saiba o futuro, sei que o destino sempre teve a capacidade particular de me surpreender. A certeza é de que novas surpresas virão. Resta saber se alguma delas envolve você.
Cá entre nós, eu espero que sim.
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor. No Instagram e Snapchat: @brunoamador