Ei, fica um pouco mais. Porque você tá indo agora? Você nem experimentou aquele vinho ainda, cabernet, merlot, malbec, bebe até espumante se quiser, mas não vai agora não. Acabei de tirar o macarrão da panela, deixa eu acabar de picar a cebola que o molho fica pronto. A mesa já ta arrumada e pra ela ficar completa só falta você. Te prometi um jantar e eu odeio não cumprir com o que prometo.
Te prometi um cinema, fazer da sala aqui de casa um templo do conforto, colchão encostado no sofá, cobertor sob nós dois e um projetor fazendo com que a parede vire no telão. Pipoca para acompanhar, refrigerante pra mim e suco pra você, te conheço e sei que coca não é muito do teu gosto. Talvez por isso a tua barriga seja consideravelmente menor que a minha.
Lembra que a gente ia fugir daqui um final de semana? Ir pra chácara dos meus pais e passar a noite na piscina, se estivesse calor ou em frente ao fogão a lenha, se estivesse frio. A gente ia dividir chuveiro, cobertor e um pouquinho das nossas vidas. Observar um pouco o céu depois que o Sol se pôr e notar como as estrelas iluminam a noite quando não há luzes em volta. Não era pra ter muito compromisso, a gente sempre foi assim, a ideia é para estarmos juntos enquanto isso nos fizesse bem. Enquanto a gente fizesse bem. E puta merda. Você faz bem pra caralho. (por favor, diz que notou a malícia na frase anterior)
Fica mais um drinque, mais um café, mais um dia. Ou dois, pode ficar na cama, no sofá ou me esperando no carro reclamando que te apressei à toa para irmos pro bar. Reclama que eu bebi cerveja demais e fiquei estufado. Reclama que eu devia ter pedido caipirinha pra você beber comigo. Reclama do que quiser, mas reclama aqui. Comigo.
Vamos chegar tarde pra você enrolar no chuveiro, desenrolar a tua toalha e me rolar na cama. Me conduz até o teu quarto com os olhos fechados e deita comigo, deita ao meu lado, deita embaixo, em cima de mim. Dança comigo entre os lençóis e conduz os nossos passos, você sempre foi melhor dançarina que eu. E eu sempre gostei de ser conduzido por você.
Mostra toda a tua elasticidade e se prende na minha cintura, pergunta se não tá muito pesado momentos antes de desabar em cima do sofá. Vamos fazer desse apartamento nosso parque e arrumar uma maneira diferente de diversão em cada cômodo, o desafio é arrumar uma utilidade pra dispensa. Mas acho que a minha criatividade e o teu atletismo de alguma maneira vão dar um jeito.
Não vai embora agora não, chove lá fora e você sabe como eu preciso de luz pra acordar bem. Então encosta a porta, tira esse casaco e traz esse sorriso pra cá. Porque na falta de luz, o meu brilho vem de você.
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor. No Instagram e Snapchat: @brunoamador