A gente ainda não se conhece

Antes mesmo de começar, preciso avisar. Eu não sou tão fofo quanto parecerei nesse texto.

A gente ainda não se conheceu. Mas de longe já notei que você gosta de Gim & Tônica. Te vi sair pro bar umas 3x na meia hora que fiquei parado perto de ti com os meus amigos. E acho que aqui já começaram as nossas semelhanças.

Notei que os seus olhos verdes trariam a paz que faltava nas minhas manhãs de sábado. A dor de cabeça vem forte depois dessas festas open bar e acredito com todas as minhas forças que só uma dose deles poderia acabar com ela. Vi que você não parava de falar e rir, amei teu jeito de sorrir, sua risada envolvia todo o teu corpo e não foi uma vez que seu copo balançou e molhou parte do teu antebraço.

E ao ver o seu antebraço notei que o meu casaco ficaria muito melhor em você. Teus braços finos estavam a mostra e é bizarro como o tom de verde da minha jaqueta combina com os teus olhos no mesmo tom e fios loiros.

Imaginei, com um sorriso meio bobo no rosto o quão gostoso deve ser ver esse teu rosto tão sério, porque as tuas sobrancelhas grossas dão esse aspecto à ele, se desfazer todo depois de um beijo. E que os dois iam ficar com uma cara meio boba depois disso. Porque a gente ia gostar e um beijo ia acabar emendando em outro e de pouco em pouco iríamos nos conhecendo melhor.

A gente iria sair do meio da muvuca pra poder conversas e você ia me falar que ainda tá fazendo cursinho, porque não tinha muita certeza do curso que queria seguir e ainda tem um pézinho atrás com a escolha. Eu ia sorrir e contar que já larguei uma faculdade, explicar que faço administração e trabalho com publicidade, concluindo que o curso não é tão importante assim.

E por falar em beijo, eu iria inevitavelmente morder o teu pescoço e a bochecha – bem de leve – porque sim. Eu gosto. Ah e eu não mordo lábios porque tenho medo de não ser delicado o suficiente. Mas de vez em quando eu tento e arranco um sorriso pelo esforço.

Arrancar sorrisos é uma especialidade, por sinal. E sem te conhecer, já amei o teu. Ele é sincero e ultimamente as pessoas andam muito forçadas, sabe? Além de que, a covinha que ele provoca no lado direito do seu rosto é um charme. Gosto de pessoas espontâneas e pelo jeito que você dança dá pra saber que você é uma dessas. Como se não se importasse com quem tá olhando, balança os braços, sacode a cabeça e manda a sarrada no ar. (Cê acredita?)

Reparei que você tem uma tatuagem no braço. Ela deve ficar linda segurando a ponta do edredom enquanto você dorme. Porque algo na tua aura me diz que você é o tipo de pessoa que gosta de dormir abraçada em algo. Sim, eu falo aura. Gosto de escrever, e essas palavras que remetem à coisas angelicais acabaram se incorporando ao meu vocabulário, as metáforas e comparações ficam mais bonitas quando uso elas.

Falando em comparações e metáforas, não consegui deixar de notar como o teu andar se assimila com o de uma modelo na passarela, a diferença é que as pessoas são idiotas demais pra notar que existe uma angel entre elas. Idiota. Assim eu me imagino daqui alguns meses quando você resolver passar o domingo aqui porque o meu trabalho é perto da tua aula e eu te deixo lá de manhã.

E esse sotaque? Você não deve ser daqui. Eu sou do Rio, sabe? Me mudei pra cá muito novo, mas como convivo com cariocas diariamente acabei pegando um pouquinho do meu “r” de volta.

A gente ainda não se conheceu, mas tenho certeza que o teu perfume é importado e doce. Teus traços são sutis e algo muito cítrico não faria sentido. O teu pescoço é comprido e o vestido mostra as tuas saboneteiras, sem pensar muito já vi a minha boca desfilando pelos teus ombros e subindo pelo teu pescoço, senti a tua mão pegando na minha nuca e me conduzindo de volta até a tua boca. Me arrepiei com essa cena.

Eu sei que é bizarro eu reparar e imaginar tanta coisa sem nunca ter trocado uma palavra contigo. Mas eu sempre gostei de detalhes e os teus são tantos que achei melhor escrever. E sei lá, se você gostou desse texto, eu posso fazer outros. Um pra cada aspecto teu. Posso te desmontar e te espalhar por vários contos – quem sabe um livro? – te eternizando aqui nas minhas linhas. Meio tortas se escritas a mão, meio tuas quando foram pensadas.

A gente ainda não se conheceu, mas faz frio aqui. Notei que você também sentiu esse vento, se isso acontecer de novo, não se preocupa em pedir o meu casaco. Ele ficaria muito melhor em você.

A gente ainda nem se conhece, mas bem que podia né?

Bruno Amador – clique para me conhecer melhor. No Instagram e Snapchat: @brunoamador

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s