Acabou.
E eu espero que você entenda que agora não somos mais um. Na verdade já não éramos um há muito tempo, nosso caso, namoro, relacionamento, vem desmoronando há algum tempo. Vi de perto o “te amo” dela, ficar talvez não menos sincero, mas sim, menos entusiasmado. Eu sei que você ainda bate mais forte por ela, mas não podemos criar algo sólido tendo amor e nada além como base.
Toda a cumplicidade, tesão e interesse foram se esvaindo, nos tornamos estranhos um ao outro, não a reconhecia mais, ela não era mais a menina por quem eu me apaixonei e eu não era o cara que conquistou o coração dela. E ainda bem, nós mudamos. Já pensou que chato se fossemos a mesma pessoa pra sempre?
Acontece que esses novos nós, não conseguiram se entrelaçar tão bem quanto os antigos.
Óbvio que ainda temos nossos momentos, ficamos juntos por tanto tempo que acabamos adquirindo gostos, hábitos, jeitos em comum, mas não é a mesma compatibilidade. Ela cansou de mim e eu cansei de vê-la cansada. E essa é a merda do amor. Quem realmente o sente sabe a hora de deixar a pessoa amada ir, essa era a dela. Nunca a prendi, ela sempre pôde fazer o que bem entendesse, nos entendíamos assim, porém, é melhor eu deixar claro que agora, nossos mundos giram separados.
Ao menos eles pararam de girar em falso.
Não serão mais os pés dela sujando o vidro do meu carro, ou as suas as mãos que irão regular a temperatura do ar condicionado, ou escolher a música que vai tocar no rádio, mas pode ter certeza, ainda vou ouvir muito aquele sertanejo que ela gostava. Talvez eu ainda não deixá-la ir por completo.
Provavelmente as marcas que ela amava espalhar pelo meu corpo demorarão a voltar, Nunca fomos de beijar pra esquecer, né coração? E não seremos o tal agora. Eu vou continuar deixando o canto da parede reservado, mesmo sabendo que você ela não estará mais lá para usá-lo, é força do hábito. Também irei por um tempo todas as manhãs olhar o celular e esperar um bom dia, que obviamente, não virá.
Como eu disse, nós mudamos e em algum momento esquecemos de andar juntos nessas mudanças. Acabamos nos perdemos. Não nos perdemos como sempre nos perdíamos, embaixo de lençóis, dentro de banheiros ou quando ela esquecia de falar que o Waze tinha mandando eu entrar à direita, agora nós nos perdemos de verdade. Nos perdemos nessa caminhada, um de nós pegou o retorno e esqueceu de dar a seta.
E hoje, coração. Hoje você vai amanhecer partido e cheio de dor. Hoje vai ser um daqueles dias que você irá bater lento, porque o corpo que te dá abrigo, não sairá da cama. Esse corpo vai ficar deitado caçando algo pra ver no Netflix e inevitavelmente irá lembrar dos filmes que viu com ela. E aí você vai doer um pouquinho mais.
É doloroso como deve ser. A dor é grande porque o amor foi grande. É aquela coisa do quanto mais alto você sobe, pior é a queda. E coração, a gente pulou de um precipício.
Um dia iremos sorrir ao lembrarmos de nós dois. Éramos especiais, mas agora, agora choraremos como duas crianças que perderam os pais no supermercado. Porque é assim que estamos, perdidos, desnorteados, sem rumo. Não vamos tentar ser amigos, não agora. Vamos sofrer longe um do outro.
É como uma desintoxicação de alguma droga. Eu vou tentar usar de novo. Vou pensar em chamar, em ligar, vou buscar aspectos dela em cada pequeno pedaço de lembrança, pra ter um gostinho pela última vez de todos as sensações que ela me dava. E coração, você será o responsável por impedir que eu faça isso por muito tempo.
Agora, essa parte é pra ela ler.
Sumirei contigo da minha vida por algum tempo e você fará o mesmo comigo. Vamos deixar as feridas curarem para podermos enfim, quem sabe, achar um rumo novamente. Nos perdemos agora e vamos tentar traçar novos caminhos sem o outro. O foda, é que as melhores coisas da vida não são planejadas.
E a melhor parte dessa última frase é saber que em nenhum momento você fez parte dos meus planos.
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor. No Instagram e Snapchat: @brunoamador