O teu jogo eu já conheço. Você aparece quando tudo parece estar caminhando normalmente por aqui. Chega de mansinho e vai me conquistando pelas bordas. Me chama bêbada pelo snap, pede desculpa pelo WhatsApp e eu inevitavelmente acabo puxando algum assunto porque eu nunca fui muito de andar na linha. E você é a curva que eu mais gosto de fazer.
Nas tuas curvas eu encontro o que sempre faltou nas outras. Encontro você. É foda admitir, mas é necessário falar, nunca realmente consegui te deixar de lado. Te apaziguei muitas vezes, isso é verdade. Só que a gente é Oriente Médio. A paz é só aparente, basta uma fagulha pra tudo começar de novo.
E todos os nossos recomeços foram deliciosos. Quase sempre começavam no carro e acabavam na minha ou na tua casa. No 52 ou no 32, engraçado que até nos apartamentos você fica por cima, né?
Te conheço de antes e sei que você dificilmente fica mais do que algumas semanas, por não conseguir se envolver, por medo, por querer ser livre. Nunca soube bem o motivo por trás das suas idas, que com o passar do tempo deixaram de ser tristes, até porque nunca foram pontos finais, mas vírgulas. E você, melhor do que ninguém sabe o quanto eu gosto de vírgulas.
Dão tempo pra gente viver novas coisas, experimentar gente nova, lugares novos e depois acabar voltando porque não há lugar melhor do que os que eu estive com você. Isso aqui não é amor, não ainda. É muito mais uma espécie de desejo irrefreável do que amor em si.
Cultivo por ti um carinho e uma certeza de que lá no fundo a gente sabe que de alguma forma acabaremos juntos. Se não juntos de fato, pelo menos bem próximos. Chama de destino, karma ou universo, mas algo conspira a nosso favor.
Algo te põe no mesmo restaurante que eu, nos mesmos bares, nas mesmas baladas. Chega a ser sacanagem, mas você ganha a disputa sem nem participar dela. Hors concours – como você gostava de se referir aos meus omeletes – é isso que você é. Excelente, Extraordinária, Excepcional, Exuberante e todos esses “ex” que podem te definir.
Por falar em “ex” eu tenho dó dos teus, quanto mais velha, mais bonita você fica. É como se fosse castigo divino pelas idiotices que cada um deles fez contigo e eu me incluo nisso. Só que diferente dos outros, tenho meu jeitinho especial de pedir desculpa. Você sempre gostou dos meus textos.
O teu jogo eu já conheço, assim como você conhece o meu.
Tava tudo muito calmo por aqui, tudo muito certo. E você me conhece e sabe como eu adoro uma bagunça. Te conheço de antes, mas nunca consegui escapar dos teus braços.
Até por nunca ter precisado tentar.
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor.