Na saída da balada, na porta do carro, no meio da garoa. Você me pediu a sua bolsa e procurou a chave da porta, não achou. Ergui a mão tirando-a e expliquei que ela tinha caído antes de entrarmos. Você sorriu e antes de me beijar e pegar a chave, disse: “Por isso eu te amo”.
Já experimentei muitos beijos teus e cada um tinha um gostinho diferente, alguns tinham gosto de saudade; Eram aqueles que a gente dava depois de ficar semanas sem se ver, seja por motivos aquém do nosso querer ou só porque você resolveu dar piti e não quis sair de casa.
Os teus beijos de reinício sempre foram deliciosos. Tinham gostinho de morango, provavelmente por sempre envolverem alguma bebida utilizando a fruta, esses beijos quase sempre dados depois de ficarmos meses sem nos falar costumavam acontecer depois das 11 da noite e continuavam acontecendo até as 11 da manhã do dia seguinte. Nossos reinícios sempre eram marcados pela intensidade.
Os beijos de despedida eram dramáticos, rápidos, sucintos e cheio de significado, quase sempre eram finalizados por alguns selinhos pra jurar a volta dali algum tempo e depois de um abraço e beijo na testa – pra mostrar que acima de tudo, sempre seria teu amigo – te deixava ir lentamente pelo corredor em direção ao portão.
Nossos beijos de reconciliação eram algo fora do comum. Precedidos por discussões e algumas ameaças – que nunca passavam disso – de morte, tinham início depois que eu te envolvia e começava a jogar na tua cara que você era mais bonita ainda brava. Iam do sofá da balada (ou da sala) até a cama do teu, ou meu, quarto. Envolvia muita mão, muita unha e muito desejo. Finalizavam pela manhã com um beijo de bom dia, bem discreto pra não deixar o mau hálito escapar.
Os beijos alcoólicos. Esses são muito bons, não lembro muito bem como eles começam, mas lembro cada detalhe depois, a gente no uber – quando o dinheiro não dá, no metrô – tentando controlar toda a vontade que exalava, o caminho elevador – sala era o momento clímax, sucedido por alguma reviravolta, você pulando em mim ou eu desistindo de me segurar e te agarrando no hall mesmo. E óbvio, não tinha como não falar do teu show entre os cobertores.
Como você pode ver nossos beijos sem querer, quase sempre, acabavam em sexo.
Sem esquecer do nosso primeiro beijo, no cinema, meio acanhado, disse que você tava linda. Depois de te ver sorrindo não resisti e fui pra cima, não sabíamos muito para que lado virar a cabeça, como tocar as mãos e se abraçar, convenhamos que as cadeiras do cinema deveriam ser pensadas pra isso. Esse beijo teve gosto hortelã, o chiclete que você mascava antes de entrar na sessão.
Tínhamos nossos beijos em público. Contidos, discretos e com uma mordidinha no lábio. Nunca quisemos deixar nossos amigos sem graça e isso fez com que eles acabassem nos apoiando juntos, o que facilitava muito o nosso processo de saídas e acabou culminando no beijo que deu título à esse texto.
Hoje experimentei o melhor beijo que você já me deu. Um beijo sincero. E eu fiquei ali parado, completamente idiota e mudo que até esqueci de falar.
Eu também.
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor
Curta nossa página! E se você tiver um nos siga no tumblr e Instagram (umquartodepalavras).
Também estou no Instagram e no Snapchat como @brunoamador
Se você tiver alguma crítica, sugestão, elogio ou só queira falar conosco, mande um e-mail para umquartodepalavras@gmail.com