Nem precisa esfregar os olhos porque é isso mesmo que você leu, nós não somos a geração desapego. Somos a geração mais mentirosa da história e eu percebi isso depois do meu feed ficar inundado por textos como “a estranha geração do desapego” “geração desapego”. Gente, sério, nós fingimos ser desapegados. A gente se apega pra caralho, a gente gosta, a gente ama, como todas as gerações anteriores. O “problema” – que não é bem um problema – é que hoje em dia nós não ficamos presos nas relações até elas darem certo. Depois de poucos meses, se começar a ter muita briga, se o santo não bater ou qualquer outro motivo, a gente pula fora. E isso é ok, isso é normal.
Há 20, 30 anos atrás, as pessoas demoravam mais pra se conhecer, pra se aprofundar, porque não tinha toda essa conectividade que existe hoje em dia. Agora com uma semana eu descubro praticamente tudo que tem pra saber sobre a menina e aí, acaba ficando chato se algo não encaixa, porque eu sei que aquilo não vai pra frente. Nós somos práticos, rápidos, enquanto a sua mãe espera o Jornal Nacional pra ouvir a notícia, você já sabe porque abriu o twitter de manhã, é tudo muito dinâmico e isso inclui os relacionamentos.
Talvez tenha ficado um pouco superficial sim, mas é porque cansa, às vezes parece que ninguém vai ser a sua “metade da laranja” ou o que falta pro seu copo transbordar e isso é normal. Estar solteiro é muito melhor do que estar acompanhado se a sua companhia não for aquilo que você deseja, mas sim um remendo, um “ah, já que não tem coisa melhor, vamos com ele mesmo”, cara isso é bizarro. Você não precisa estar com alguém para não se sentir sozinho, essencialmente porque você nunca está sozinho hoje em dia. É 00:39 de uma quinta-feira e eu tô respondendo mensagem no WhatsApp, eu não to sozinho. (continua depois da foto, viu?)
Desculpa, mas eu não partilho da ideia de que a nossa geração precisa amadurecer. Acredito que cada um tem seu tempo, tem gente que pra curtir o momento precisar sair com várias pessoas ao mesmo tempo, tem gente que não precisa sair com ninguém e tem gente que fica feliz com apenas uma. Não é por isso que a primeira pessoa seja mais desapegada que a última, às vezes a primeira sai com várias e gosta de cada uma de uma maneira diferente e a última não sai mais com os amigos. Ela desapegou dos seus amigos.
O mundo mudou, hoje em dia vemos de tudo, polígamia e monogamia, homo, heteros e bissexuais, isso sem mencionar as novas denominações de atração sexual, sapiosexuais, demissexuais, alossexuais. Gente, o mundo é o que é, se a pessoa que você se apaixonou não se apaixonou de volta, não é que ela é imatura (pelo menos não logo de cara), às vezes ela só tá em outro momento, em outra paixão. Acontece, ué. É a vida.
A gente é um pouquinho superficial sim, o Instagram, Snapchat e Facebook, criaram uma espécie de falsa felicidade, mas fazer o que? São os males que a nova geração carrega.
Então parem de querer forçar algo que não somos, se a pessoa não falar contigo o dia todo, não te mandar áudio quilométrico, não te contar cada aspecto do dia, não te ligar bêbado… Não significa que ela é desapegada, só que essa pessoa não é ela. Ela não é assim. Não somos “a estranha geração do desapego”, “a geração que promove o desapego” ou apenas “a geração do desapego”. Nós somos uma bagunça, nunca houve uma geração tão complexa quanto a nossa. e se você não achou o seu par pra viver nesse mundo ainda (caso você queira), se acalma, ele tá escondido por aí. Só em São Paulo são 12 milhões de possibilidades.
Então relaxa viu? A gente ainda ama, só que é de um jeitinho diferente. 🙂
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Bruno Amador – clique para me conhecer melhor
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