Amores de verão vem e vão. Não é só uma rima, é uma condição. A verdade se esconde lá embaixo, no porão. Onde guardo com todo o meu coração, o último desejo de uma velha paixão. O que aconteceu com a gente me deixou no chão. Já não sinto mais a mente funcionando de um jeito que deixe o homem são. Foram muitos lamentos e diversos beijos dados em vão.
E as memórias dos nossos momentos aparecem na vida como reflexão. Lembro do dia que ficamos deitados por horas no mesmo colchão, ou de quando deixou o leite queimar em cima do fogão. Do dia que me deixou com um chupão, no meio do pescoço, e fiquei te perguntando se tinha perdido a noção. E quão difícil foi explicar a condição, já que esconder aquilo não pareceu uma opção.
Sempre tive a fama de lixão, mas com você as coisas andaram pra outra direção. Paramos pra ver todos os filmes do Poderoso Chefão, ouvimos uns três discos do Lobão (seguidos), fizemos coisas que outros casais talvez jamais farão. Recordações até de coisas simples e sem explicação, como o fato de você achar nojento um grão de feijão, ou não aguentar fazer nem uma flexão. Ou quando fomos parados por um ladrão, e roubaram nossos celulares em frente à estação. Os sonhos distantes de morar no Japão, as histórias contadas sobre outra nação. Sermos livres e não parecermos presos numa prisão, afinal, relacionamentos não são.
Você culpando minha mãe por estar ruim o quentão, por não gostar de festa junina nem de época de eleição. Esquecendo de alimentar seu cachorro e culpando a marca da ração.
Tudo aconteceu e começou naquele saguão, na rua dos carros parados ao lado do Saião. E eu me pergunto se hoje existe algo tão belo quanta nossa afeição.