Fingir que sou artista e pincelar nossos contornos por a. Deixar alguns pingos da tua maquiagem na minha blusa, o vermelho do teu batom na minha bochecha, ou, se preferir no pescoço, e o resto debaixo do chuveiro. Desmontar todas tuas camadas e repousar ao lado do teu corpo em branco na minha cama ou em algum sofá.

Pintar tuas costas com riscos vermelhos, contrastando com o moreno da tua pele queimada pelo Sol. Com todo o cuidado para que o auto-relevo dos meus traços não virem feridas e estraguem a obra de arte que estou montando nesse texto. Pra que não estrague a obra-prima que é você.

Uns toques escuros indicarão nossas brigas, discussões fazem partes, ainda mais quando a relação envolve uma pessoa com gênio forte como eu. Logo em sequência as cores voltarão a dar às caras e essa dicromia (uso de duas cores) indicará as nossas reconciliações. Se tem uma coisa que eu sou bom, essa coisa é pedir desculpa. Reconciliação é a melhor parte da briga, é quando todo o desejo vem à tona e a razão deixa de existir.

Com uma técnica chiaroscuro tentarei demonstrar toda a intensidade de nós dois. Retratando cada aspecto nosso num jogo de luz e sombras. Mais ou menos o que acontece no meu quarto quando chegamos de madrugada.

Você será uma pintura renascentista. Buscarei retratar todas as tuas curvas e marcas no nosso quadro, algo tão belo não pode ser alterado, se a natureza te fez assim, quem sou eu para mexer? Deus te desenhou no dia mais inspirado da sua vida até então, se Ele fez o mundo em 6 dias usou a sua folga para fazer você.

Juntos formaremos arte abstrata. Não devemos ser vistos com olhos comuns, devemos ser apreciados. Devemos ser sentidos. Juntos despertaremos felicidade ao que nos cercam e um pouco de inveja nos caras que queriam te ter ao lado. E se não entrarmos para os livros de história, ao menos teremos virado uma.

Quero pintar uma história contigo, mas não sou esse tipo de artista. Espero que não se importe se a história ficar escrita.

Bruno Amador – clique para me conhecer melhor

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