O interfone toca, é Raul o porteiro avisando que aquele rapaz tatuado que costumava vir aqui estava me procurando de novo. Eu sei que é você, e parte de mim quer muito pedir para o Raul deixa-lo subir, mas também sei como é sua volta e, mais importante lembro o quanto cada retorno seu mata um pouquinho de mim.
Talvez você não recorde, mas da ultima vez que permiti que o porteiro o deixasse subir as coisas mais uma vez acabaram dando errado. Você entrou no elevador, apertou o 3º andar e eu ainda lembro perfeitamente do dia, fiquei te aguardando ansiosa, com mãos suadas e um sorriso bobo tentando se abrir no meu rosto – Da mesma forma que fico quando atendo o carteiro que traz meus pedidos do Aliexpress, só que pior.
Então abri a porta e lá estava você com um engradado da minha cerveja favorita. Lembra daquela tarde? Porque eu ainda não esqueci. Nós conversamos por horas, você me perguntou sobre o blog, as festas, o novo trabalho e eu te atualizei de todas as novidades!
Contei que em fevereiro fiz um curso de culinária japonesa e até que eu cozinhava bem, você riu e afirmou que seu único talento com comida japonesa é devorar temakis. Nós rimos, nos encaramos e depois de todo aquele papo furado, o fim de um engradado e meio de cerveja e algumas horas relembrando o passado… nos beijamos.
E daquela vez eu senti, (tão profundamente que quase me tocou os ossos) que a gente podia dar certo. Você tinha voltado, junto com as manias bobas, a teimosia e a chatice também. Propôs que retomássemos a lista de filmes do Kubrick, a qual prometemos assistir juntos, (porém nunca terminamos porque nossos corpos sempre preferiam a atenção um do outro), também que fossemos a todas padarias que fazem café da manhã americano para nos entupirmos de bacon e ovos fritos pela manhã.
E no meu peito retornou aquela sensação de alegria já familiar que só vinha quando estava com você. E eu encantada, em transe, achei que dessa vez, como todas as outras meu bem, você resolveria ficar.
Até que você resolveu ir.
Fiquei destruída e prometi nunca mais deixar você se aproximar. Ainda não terminei de limpar os rastros do furacão que você faz toda vez que volta para mim. Por isso antes que se rebobine toda nossa historia bagunçada eu te peço – Não volte. Faz um favor para meu coração que não consegue mais lidar com suas partidas, e fique ai onde está. Por mais que eu queira acreditar que essa visita é só “uma passada na casa de uma velha amiga”, não dá.
Pois quando se trata de nós uma visita, uma ligação, uma foto, uma mensagem nunca é só isso, trata-se de uma retomada daquilo que nunca deu certo. E na boa, não quero mais conviver com suas duvidas e inseguranças eu já tenho as minhas, as quais muitas só existem por tua causa. Inúmeras vezes me vi derrubando meus valores e tomando atitudes as quais odeio afim de me fazer caber um pouco mais em ti. Me desconheço.
Talvez esse sentimento que tenho quando você esta aqui seja felicidade, ou amor, não tenho certeza. Mas duvidas não há de que sua ida é amargura. Dessa vez te atendo, mas sem ansiedade e sorriso no rosto. Ao Raul peço para não lhe deixar subir, o que eu tenho pra falar digo no hall do prédio mesmo. Venho lhe afirmar que aquela tarde junto, aquelas tardes e noites e manhãs que compartilhamos tornaram-se passado encerrado ao qual não quero reviver. Vai, vai e não volta tão cedo. Melhor, não volta nunca mais.
Essa noite pontuo um fim que não será revogado, e com convicção te digo que aquela querido… Aquela foi a ultima vez.
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Manoela Amaral – clique para me conhecer melhor
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