Epílogo do Nosso Amor

Deito na cama e uma lágrima escorre, salgada como o último beijo, talvez porque eu também chorava quando isso aconteceu. Eu só consigo me perguntar o que houve de errado, será que eu fiz alguma coisa, porque você me abandonou. O amor acabou? Assim do nada? Houve amor?

Esse é o epílogo do nosso amor. Faz um dia que você se foi.

Estou olhando para aquela foto, uma das últimas que tiramos, naquela festa, nós dois estávamos muito felizes, rindo, os olhos um pouco fechados por causa da bebida. Eu estava sentada no seu colo e você me envolvia por inteira com seus braços, eu adorava quando você fazia isso. Solto um sorriso, acaricio a foto, mais uma lágrima escorre. Se éramos tão felizes juntos, porque eu estou tão triste sozinha?

Esse é o epílogo do nosso amor. Faz uma semana que você se foi.

Termino o trabalho e vou dormir, mas quando eu fecho os olhos, tudo o que vem em minha mente é o seu sorriso, com o olho fechado, e aquela covinha discreta que ninguém além de mim notava, e nós não contamos para mais ninguém também, eu gostava de tê-la só para mim, era como um mistério seu que só eu tinha desvendado.

Mais lágrimas, assim como na noite passada, e na outra, e na anterior, e naquela também.

Lembro de como nos conhecemos, do sorriso, das conversas, do toque, do beijo, e de todos os tipos de beijo que nós tínhamos. O primeiro beijo, aquele cheio de atração e descobertas, os beijos apaixonados, os beijos mais delicados e os mais vorazes, os beijos de amor, os beijos mais quentes, que começavam na boca e seguiam pelo corpo inteiro, com uma intensidade que só a gente conhecia, como se o mundo fosse acabar naquele instante, os beijos rápidos, os beijos no pescoço, que me arrepiavam o corpo inteiro, os beijos de despedidas, os de boa noite e bom dia, os beijos de “conta comigo”, “eu estou aqui” e “vai ficar tudo bem”, o último beijo, que eu sinto o gosto até agora.

Esse é o epílogo do nosso amor. Faz um mês que você se foi.

Hoje te vi na rua, andando de mãos dadas com outra garota, vocês estavam conversando e rindo, você parecia estar feliz. E essa outra garota, ela era mais bonita que eu, usava roupas melhores, o cabelo dela brilhava, e o sorriso dela iluminava o mundo, pelo menos o seu mundo, já que aquele brilho todo refletia em seu olhar.

Eu abaixei a cabeça, mudei de direção, me fiz invisível, o que você faria se me visse ali? Você me veria ali? Ela parecia ser a única no mundo para você. De repente eu quis ser aquela garota, eu lembrei que já fui um dia, e me perguntei se ela te fazia feliz como eu fiz, talvez mais, já que tudo acabou assim tão rápido.

Esse é o epílogo do nosso amor. Faz três meses que você se foi.

Eu conheci um cara. Ele é legal. Ele não é você. Eu resolvi dar uma chance. Depois de todo esse tempo, guardei todas as suas coisas no fundo de uma gaveta escondida. Eu coloquei um sorriso no rosto, e conheci melhor esse rapaz.

Ele me faz bem, ele me faz sorrir, ele pega na minha mão e me ligou noite passada antes de dormir. Talvez eu tenha superado o nosso fim trágico (trágico para mim), e seja a hora de seguir em frente e achar um novo alguém.

Esse é o epílogo do nosso amor. Faz cinco meses que você se foi.

Abro a caixa de acessórios e acho o primeiro presente que você me deu, aquele pingente pro meu colar de couro, um com o rosto de elefante, que eu sempre quis, mas nunca achava. Você achou e comprou. Sorrio e coloco o colar de novo. Tirei quando você foi embora, mas talvez eu já esteja bem para usar de novo.

Esse é o epílogo do nosso amor. Faz seis meses que você se foi.

Lembra daquele cara que eu tinha conhecido? Terminamos hoje. Na verdade, fui eu quem terminou. Ele não é você. E nem nunca será. Ele não tem o beijo igual ao seu, ele não tem seu cheiro, seu toque, ele não sorri igual você, o olho dele nem se fecha quando ele faz isso. Ele não deita ao meu lado e passa a mão na minha perna enquanto eu leio um livro qualquer, ele não tem uma covinha escondida, ele não inclina a cabeça levemente quando eu estou explicado alguma coisa, ele não dá risada quando eu começo a discutir por bobagem. Ele não é você.

Sento na cama e encaro a parede, uma lágrima tímida escorre, eu limpo e tento dormir.

Esse é o epílogo do nosso amor. Faz sete meses que você se foi.

Abro a gaveta, aquela que era cheia de coisas sobre você, sobre nós… Olho para nossas fotos e me pergunto porque não demos certo. Olho para os nossos sorrisos e para o jeito como você me abraçava em todas elas. Nós demos certo, apenas não duramos muito.

As lágrimas voltam a aparecer, e eu as deixo escorrer. Minha mão fica trêmula e os soluços aparecem.

Eu ainda te amo.

E esse é o epílogo do nosso amor.

Faz um ano que você se foi.

Eduarda Germano dá uma olhada no site dela

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