A vida é um sopro

Eu escrevi esse texto há um tempo, mas após a tragédia de ontem envolvendo a equipe da Chapecoense, resolvi retirá-lo de um baú e fiz algumas pequenas modificações. Bem pequenas mesmo, pois o que penso (e que imagino que vocês também pensem comigo) não mudou de tempos para cá.

Pensamos que sabemos tudo. Que todo o conhecimento existente está ao nosso alcance. Temos a noção de que existem milhares e milhares de perguntas que não foram respondidas, mas isso é deixado de lado e lembrado apenas de vez em quando. Na maior parte do tempo, estamos certos de estarmos certos sobre tudo, de ter a convicção sobre o que estamos fazendo, sobre o que estamos refletindo.

Tudo isso acaba com momentos de reflexão. Esses momentos aparecem para nos dizer o que estamos fazendo de errado, que passos seguimos na direção contrária a da felicidade, que corações estamos partindo e quais vidas estamos deixando de viver.

O que seria a vida e qual seria a melhor forma de viver? Os mais aptos a responder diriam que “temos que aproveitar enquanto é tempo”, ou soltariam a famosa frase de efeito “você está vivendo ou apenas sobrevivendo?”

De fato, não estão errados. Talvez a gente planeje muito para o futuro e acabe esquecendo do que vivemos agora. Todas as emoções que sentimos hoje são dispensadas pela nossa mente, pois estamos ocupados pensando no que iremos sentir num futuro, seja ele próximo ou não. Se estou triste hoje, como estarei quando ver minha ex de novo daqui duas semanas? Se estou feliz nessa noite, como estarei na próxima festa marcada que eu tenho que ir, daqui um mês? Se essa viagem está boa, imagina ano que vem quando vier mais uma cambada de gente junto?

E esse futuro é jogado na nossa cara como uma certeza, sendo que a gente planeja tanta coisa na vida que dá errado. Isso mesmo, a gente sempre planeja alguma coisa que não dá certo de jeito nenhum, mas no futuro idealizado de nossas mentes, tudo vai acabar bem. Amanhã eu vou chegar da faculdade como todos os outros dias, seu pai vai voltar do trabalho e te dar um beijo acompanhado do bordão “Oi filho, que saudades de você, o que fez hoje?”

E o que você fez hoje?

Você provavelmente seguiu uma rotina que não te agrada, por motivos que nem sequer passaram pela sua cabeça, mas que você continua a seguir num modo de piloto automático que imagina uma vida infinita pela frente. Logo, uma hora ou outra, essa monotonia tem de acabar, não é mesmo? Esse amargo e essa angústia de sempre fazer um nada grandioso, de sempre estar naquele marasmo e naquela simplicidade de seguir as mesmas regras e não se surpreender mais com as pequenas coisas da vida. Tudo isso vai acabar. Mas, acabar de que jeito, se não estamos dispostos a mudar nós mesmos?

O que vejo é que as pessoas que saem dessa caixinha incomodam, muitas vezes. Quando você encontra alguém que é um pouco mais maluquinho e excêntrico, que dorme na hora errada, come na hora errada, age de maneira mais surpreendente diante de uma situação, nós achamos estranho.

O que não sabemos é que, talvez essa pessoa aproveite mais a vida do que nós mesmos, que estamos sempre reclamando de pequenas coisas, que na verdade nem incomodam. A nossa reclamação, no fundo, é só uma desculpa para não estarmos de bem com determinada coisa, uma pequena chama do egoísmo em não entender que a felicidade pode vir do simples (e esse simples é o que você já tem pra você).

O simples pode ser sua família. As pessoas que moram com você, na sua casa, e que muitas vezes você se cansa de ver e quer dar uma espairecida. Se você parar para refletir nesse exato momento, vai perceber que sentiria falta até do seu tiozão que faz a piada do pavê, porque pequenas coisas nos marcam. Mas, infelizmente, só percebemos isso quando essas coisas se vão.

O simples podem ser seus amigos, os que você considera de verdade. Aqueles que não foram necessários esforços e sorrisos amarelos para que você os conquistasse. Os que te fazem feliz e que fazem com que você seja quem é.

O simples é tudo que sua alma enxerga como paz e acalanto. Uma paisagem, uma brisa, uma música simples com três acordes. Uma batidinha de porta devagar.

Isso tudo é a vida, e a vida é mais simples de se viver do que parece. A gente só precisa dar valor pra ela. Quando ela percebe que é amada, a retribuição é enorme.

Não deixe de ter sonhos, não deixe de ter metas, porque elas nos levam mais longe. Mas, faça com que esse “longe” seja aproveitado. Faça com que as pessoas ao seu redor reconheçam seu valor e parem pra pensar em como a vida delas era boa quando te tinham por perto. Suas memórias vão ficar, suas conquistas também. E quem conquista, quem é amável, quem é guerreiro, deixa sua marca em algum lugar no coração de cada um.

A vida, meus amigos, é um sopro. Um dente de leão em dias de ventania. Aos poucos, nossas pequenas partes se vão, pelo ar, sem destino algum. E alguém vai achar nossa história bacana, e contar como fomos enquanto estivemos por aqui. Esteja feliz em viver ao lado de quem existe com você. Esse é o maior motivacional que já fiz, mas sem clichês, acho que a lição que queria passar foi dada.

Ande ao lado da sua felicidade, caminhe com os seus. Os tantos amanhãs que nunca chegaram não são assim a toa.

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2 comentários sobre “A vida é um sopro

  1. Gente tem como vcs fazerem um testo ou algo do tipo para pessoas lésbicas?? Por favor eu to gostando de uma menina e eu sou menina kkkk e ela é toda moleka é talls já procurei textos parecidos mas n se encaixam muito nela ,bjs amo esse site ♡

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