Eu sempre fui adepta daquelas frases: “amo namorar”, “eu nasci para estar em um relacionamento”, “não sei ser solteira”. E sempre as proferi como se não houvesse problema nenhum (porque, para mim, não havia mesmo). Mas descobri que há.
Passei por dois relacionamentos relativamente duráveis. Mas, o mais importante: dois relacionamentos emendados. Quando o primeiro se desfez, quase que imediatamente conheci quem viria a fazer comigo o segundo. Me apeguei como me apegaria a um bote salva-vidas em um naufrágio… Simplesmente porque não sabia ser sozinha. O apego acabou se tornando amor eventualmente, e rendeu bons momentos. Mas acabou, é claro que acabaria, todos disseram, e só eu não enxerguei. A dependência emocional nos torna cegos.
Eu, que sempre tive as mãos de um relacionamento para me segurar, estava subitamente em queda livre pelo abismo. Cara, estou sozinha. e agora?
Não é fácil desconstruir nenhum tipo de sentimento. Mas minhas lágrimas foram — percebo — quase que exclusivamente por mim. E se essa foi minha última chance? E se agora eu nunca mais conhecer ninguém? E se eu ficar sozinha pelo resto da vida? Em qual balada vou precisar ir pra conhecer um cara? Que dia? Amanhã? Hoje? Imediatamente? Fiz todas as perguntas erradas e tive todos os desesperos errados por uns bons dias. Não conseguia comer, não conseguia enxergar nada além de uma solidão construída em minha cabeça. Parece que eu realmente teria de aprender a ser solteira dessa vez.
Tentei a balada. Nunca gostei, mas tentei. Não deu certo. Restou apenas eu com uma baita dor de cabeça e rejeitando todos os caras que chegavam perto de mim. Tentei ficar com alguém aleatoriamente no bar, depois de muitas incontáveis cervejas. Senti em minhas entranhas que não queria estar beijando ninguém. Tentei o Tinder: esse aplicativo nunca me desceu, mas pensei ué por que não. mas já era de se esperar: não consegui usar nem uma semana.
A real é que a geração balada-Tinder me assusta, porque nunca me encaixei nela. E a tentativa, além de fracassada, deixou um gosto amargo na boca, pois percebi que não sentia falta dele, e sim de uma companhia qualquer. Resolvi, então, parar com todas as tentativas desesperadas de conhecer alguém em um tempo que não era meu, e me conhecer, ao invés disso.
Em um mês sozinha, aprendi que não estou sozinha. Na verdade, aprendi que meus amigos são os melhores do mundo, e que a minha família também é. Aprendi que algumas amizades antigas podem ser resgatadas como se não houvesse existido pausa, que as atuais se provam incondicionais nesses momentos de mudança brusca e que amizades novas surgem de onde menos esperamos. Aprendi que não estou sozinha: na mesa do bar, da casa das amigas, do karaokê, da minha cozinha ou da sala de aula, nos bancos do metrô ou da praça perto de casa, sempre há algum sorriso que me quer bem, e sorrisos novos que passamos a conhecer.
Aprendi também que, apesar de tudo isso, eu posso ser minha melhor companhia quando quiser.