Éramos amigos enquanto as luzes estavam acesas e as pessoas sóbrias, enquanto o Sol se escondia atrás do horizonte e as horas não começavam com 0. Enquanto você se arrumava e eu abastecia o carro, enquanto você descia as escadas do teu prédio e pedia para eu ir devagar, assim você podia acabar de passar o rímel. Enquanto a minha mão direita se mantinha ao volante, éramos amigos.
Éramos amigos quando as tuas amigas perguntavam sobre nós dois, quando meus amigos comentavam sobre você, quando o dia tinha sido difícil demais para aguentar sem um abraço, quando não tínhamos almoço ou jantar. Éramos amigos. Quando o dinheiro faltava e quando sobrava, quando os exs chamavam, quando a recaída batia, quando alguma mentira precisava ser dita, quando algum segredo precisava ser guardado.
Éramos amigos porque sorrir é mais gostoso quando a felicidade é dividida. Porque meu riso sai mais fácil ao te ouvir falar. Porque os conselhos eram bons. Porque a gente mora perto e a minha casa sempre foi um bom refúgio pra fugir do caos desse mundo. Porque teu colo de madrugada era acolhedor – e ainda é. Porque é bom ter alguém pra falar se a roupa ficou feia, ou se a foto tá estranha.
Éramos amigos porque beber sozinho é meio suspeito, em dois é divertido. Porque embora eu nunca tenha admitido, a pessoa que eu mais gosto de ter ao lado é você. E aposto que esse feeling é recíproco.
Éramos amigos até eu criar coragem e te chamar pra sair, só eu e você. Até você aceitar o convite, o álcool subir e as tuas covinhas parecerem mais bonitas. Até o teu lábio se aproximar do meu e eu sentir o teu perfume, até eu pôr o teu cabelo atrás da orelha e trazer teu rosto pra mais perto de mim, até a malícia de todo aquele ato ser expressa no teu sorriso que antecedeu o nosso beijo. Até aquele beijo, éramos amigos.
E aí deixamos de ser amigos.
Deixamos de ser amigos porque amigos dormem em camas separadas, amigos não andam de mãos dadas, amigos não se tratam como nós nos tratamos, amigos não se provocam, amigos não compartilham malícia, amigos não se beijam, amigos não fazem textos como esses.
Deixamos de ser amigos quando eu acordei com meu celular tocando deitado na tua sala sem saber como havia parado lá e te vi saindo da cozinha com uma maçã na mão e um sorriso meio sem jeito no rosto. Quando você pegou o meu braço e me conduziu até o teu quarto, me empurrando para a tua cama enquanto fechava a porta com o pé. Quando a porta bateu deixamos de ser amigos. E concluímos que a vida é muito mais legal com aspas em algumas palavras. “Amigos”.
P.S.: A intenção era fazer um poema, mas éramos amigos demais para te pôr em orações curtas.
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Bruno Amador – clique para me conhecer melhor
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