Olho pro relógio são 15:12, estou sentada no chão encarando o nada. Você disse que passaria aqui as 19:00 depois do trabalho pra buscar suas coisas que foram sendo esquecidas, e acabaram criando morada no meu apartamento. Esvaziei quase uma prateleira inteira de livros na estante, tirei uns moletons do cabide e aquela gaveta no guarda roupas que era só pra você agora está vazia. Enquanto fui me desfazendo dos seus objetos fui lembrando de como cada um deles marcou nossa historia. Tem aquele porta retrato em formato de peixe horrível, que minha tia te deu da viagem dela a Alagoas – ainda lembro sua expressão de “alegria” dizendo que ia colocar na sua mesa de escritório – tem também uma jaqueta que dividimos cobrindo a cabeça pra fugir da chuva, não adiantou de nada, passamos aquele final de semana a base de amoxilina, sopa de abobora e muita conchinha febril.
Olho pro relógio são 16:15, terminei de embalar suas coisas e agora estou deitada na cama encarando o teto e pensando em quando nos conhecemos. O curioso dos fins é isso, eles sempre te fazem pensar nos começos. E o nosso começo foi desses engraçados. Você chegou me incentivando a ficar com seu amigo e no final da festa me beijou – provavelmente o Thiago estava tão bêbado que deve ter esquecido do que tinha te pedido – e daquele dia em diante não nos desgrudamos mais. E foram tantas festas, jantares, shows, conversas e tardes tediosas regadas a muita cerveja e vinho barato, que só consigo me perguntar no que aconteceu com a gente?
Sabe esse final de semana que ficamos gripados pela chuva? Lembro que enquanto corríamos e pisávamos em poças d’agua eu pensava no como era gostoso ter alguém assim, maluquinho, sem frescura e espontâneo ao meu lado. E pela nossa sintonia meu bem, eu jurava que seria pra sempre. Afinal quantas vezes na vida a gente conhece alguém que tope correr na chuva só pra ficar ao seu lado? Quantas pessoas sabem a hora certa de abraçar? De dar um bom conselho, ou só ouvir? Quantas vezes encontramos alguém que só por mensagem sabe que não estamos bem? Que faça nossas bochechas doerem de tanto sorrir? Que te deixam sem graça com um olhar e te trazem uma paz que não parece pertencer a essa orbita? Pouquíssimas vezes, diria até que raramente esbarramos com tal pessoa.
Eu dei a sorte de encontrar esse alguém, e era você. Porém agora são 18:22, esta dando a hora de você chegar, pegar suas coisas e pontuarmos esse triste final. Minha certeza de que éramos infinitos se dissipou e a ilusão de crer que éramos eternos foi junto. A única garantia que tenho agora, é que ainda que esteja com toda essa angustia no peito sei que o que vivemos sem duvidas foi amor meu bem, só não foi para sempre.
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