Sei que não nos falamos há algum tempo, mas não podia lhe deixar partir sem antes dizer algumas palavras. Nunca fui bom em dizer “adeus” odeio a ideia de que algo possa ser definitivo, por isso tratarei sua ida nesta carta como uma viagem que durará anos.
Fazem alguns anos desde nossa última discussão, pondo fim a uma história que se não deu um livro, rendeu pelo menos alguns bons textos- você sabe que é verdade – não nos falamos muito desde então, mas eu sempre guardei no fundo, bem por trás de todo o orgulho que eu tenho, um sentimento de carinho por você. Carinho daqueles mais puros, daqueles que você raramente tem por alguém na vida.
Sabe, você faz falta. E é difícil alguém conseguir me fazer falta, não é uma falta gigantesca, mas é uma falta que às vezes se faz presente. Dói admitir, mas talvez, as coisas seriam melhores com você. Não que elas são ruins agora, mas elas seriam melhores, entende?
Sei que você já disse por aí que me odeia, mas eu sei que é mentira. Você não me odeia e eu imagino que assim como eu sinto falta, você também sente. Admita, somos pessoas que fazem a diferença na vida alheia. Assim como eu, você sente saudade das conversas que viravam a noite, das discussões sobre os nossos futuros, de ter alguém para contar as coisas, seja a morte de um ente querido ou só pra falar um “tô bêbada” e sempre se sentir acolhida da mesma forma. A nossa confiança e entendimento fazem falta. Você faz falta.
Eu queria te pedir desculpas por todas as palavras que mais pareciam socos saindo da minha boca, nunca tive a intenção de te magoar, mas você me conhece e sabe como eu às vezes posso ser cabeça quente. E você conseguia me irritar de uma maneira profunda por uma razão simples, eu gostava pra cacete de você. E quando eu via as mentiras acabando com nós, me irritava. As atitudes impensadas me irritavam. O seu orgulho me irritava. Você não era a dona da razão e errava igual eu, nós erramos em tantos aspectos de nós dois que deveríamos ambos pedir desculpas. E você nunca admitir isso, me irritava
O nosso orgulho e algumas outras circunstâncias impediram qualquer tentativa de reaproximação, você não iria ceder e me chamar de novo e eu não iria correr atrás de você por nada nesse mundo. Ainda me incomoda eu nunca ter ouvido um pedido de desculpas ou qualquer coisa relacionada à isso sair da tua boca, mas o tempo me fez esquecer e a maturidade me fez te perdoar.
Existem pessoas que marcam nossas vidas e você foi uma delas. É raro eu ter alguma memória ruim tua, sempre lembro de você sorrindo e do teu jeito de resolver as coisas de forma simples, você sempre foi prática, assim como eu. Provavelmente por isso nos afastamos, foi praticidade, não fazíamos mais bem um ao outro. A solução para o problema foi simples, deixamos de ser um para virarmos dois. Simples. Nunca fomos de insistir em coisas que não davam certo.
Embora sempre fique aquela pulga atrás da orelha, sabemos que provavelmente tomamos a melhor decisão. Fomos intensos como poucas coisas nessa vida são, vivemos cada minuto juntos ao máximo, talvez por isso não duramos muito, gastamos todos os nossos minutos rápido demais.
A ideia de ir sozinha enfrentar esse mundo pode assustar um pouco, mas foi você que me fez gostar de filmes de terror, você não se assusta com qualquer coisa. E olha, não se preocupa se um dia a solidão bater. Você sabe onde me encontrar e eu darei meu jeito de te acolher, sempre damos um jeito, minha cama é grande e caso ela esteja ocupada, o sofá também é confortável, embora você saiba que a cama inevitavelmente será desocupada.
Tomara que goste desta carta, foi um dos textos mais belos que já fiz, para uma das mais belas que já conheci.
Boa viagem e boa sorte, que você conquiste o mundo como conquistou o meu coração. Tomara que a vida sorria para você, o tanto quanto você me fez sorrir. Espero um dia te reencontrar em algum sorriso, se for o teu, melhor ainda. Me chame quando voltar, teremos muita conversa para pôr em dia.
Perdão o tamanho do texto, algo tão grande pra uma história tão curta. É que eu sempre te prometi um livro, quis chegar ao menos próximo. Fica bem e obrigado por tudo pequena.
P.S.: Pode me chamar agora se preferir.
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Bruno Amador – clique para me conhecer melhor
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