Meu errado no momento certo

Outro dia você me contou que não acredita naquele lance todo de “pessoa certa na hora errada”, não falei nada, mas eu acredito. Não tô dizendo que foi o nosso caso, porque bem, não foi exatamente isso. Você não era a pessoa certa para mim, eu não era a pessoa certa para você e a hora também não foi das melhores. Mas e se, talvez fosse em um outro capítulo de ambas as vidas? Quem sabe, eu ainda poderia não ser a mulher certa para curar o seu coração e muito menos você seria o homem certo para curar o meu, mas vai ver o resto conspirasse para gente dar um pouquinho certo em alguma coisa.

Porque você sabe, o nosso beijo foi de me tirar o fôlego. Se em algum momento as estrelas se alinharam nos meses em que ficamos juntos, foi no dia em que você me beijou pela primeira vez. QUE beijo. Inesquecível. Me tirou do chão. Só havia você e eu. A gente se divertiu, sendo errado ou não. Você me deixava vermelha, desconfortável, com palpitações nervosas o tempo inteirinho, mas era só porque eu queria muito que desse certo. Eu não tinha jeito, não demonstrava o quanto eu gostava das suas pulseiras ou da sua cara séria quando dirigia, mas eu gostava.

No fim, mesmo batendo o pé, fazendo birra e sendo a teimosia em forma de pessoa, eu gostava do seu jeito irreverente, da sua inteligência de outros planetas, do seu modo de filosofar a vida fazendo minha cabeça girar. Gostava dos seus carinhos, do seu abraço, do seu cheiro. Eu quem não sabia falar o quanto eu te admirava, tinha medo de deixar você se aproximar demais e ver o que não devia.Me afastei.Te empurrei para longe. Comecei a achar que você queria mudar tudo em mim, que meu jeito de amar as pessoas não servia para amar à ninguém, que você não era nada perfeito e estava bem longe disso. Que não era eu quem você procurava. E não era, nem você era o que eu procurava.

Eu tava procurando à mim, que loucura.Fiquei com raiva. Te odiei um tempo. Mas passou e eu esqueci de te pedir desculpas por não ter segurado sua mão mais forte antes de ir embora, já que caramba, eu adorava segurar as suas mãos.

Queria ter aproveitado os momentos em que eu ficava sentada do seu lado no carro enquanto você reclamava que eu nunca sabia dar uma resposta concreta, ou do meu cardápio infantil que só incluía nuggets e miojo ou aquele dia no sofá da sua casa, só com o abajur ligado, comendo nutella de potinho e aproveitando para respirar o mesmo ar que você. Queria ter aproveitado por mais um segundo aqueles poucos dias na sua varanda em que você me abraçava forte por trás. Na sua cama, quando eu tive que ir embora mesmo querendo ficar.

Queria ter gargalhado mais com você, do seu nome composto, das suas histórias estranhas. Ter conhecido seus tão famosos amigos.
Mas sua casa era verde demais para mim, e eu sempre soube disso. Eu não era Ela. Você não era Ele. Quanto mais eu prolongasse, mais doeria. Mais lamentaríamos o fato de não termos encaixado quando deveríamos encaixar.

Foi uma droga não ter sido você no momento certo, rapaz. Porque olha, mesmo depois de tantos meses, ainda lembro claramente do tom exato da sua voz e ainda evito escutar o nome da estação do metrô que começa com a letra B e me arrepio quando qualquer um toca toca no seu nome, mesmo que nem seja sobre você. Sinto uma puta falta de desencaixar com você. Do origami que você nunca me ensinou a fazer. De passar madrugadas esperando você dormir primeiro. Mal sabia você que depois que terminamos o que não começamos, eu passei a dormir cedo. Sinto falta de você, meu errado no momento errado mais certo que já existiu.

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Deborah Sequeira –Duzentas Linhas (Confira o blog dela)

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