Essa maldita saudade que não me deixa

Você soube que me mudei? Pois é, fazem umas três semanas que troquei meu quarto mofado na república por uma kitnet minúscula – contudo sem bolor – próxima à saída do metrô. Não trouxe muito pra cá, pra ser sincera o pouco que ainda me acompanha são os CDs antigos do Kid Abelha que meu pai me deu, meus livros de Lima Barreto, Thalita Rebouças e aqueles que comprei no Sebo da Av. Santo Amaro.

Vieram também umas coisas indesejadas, as quais estou tendo certa dificuldade para me livrar. Tipo uns cupins que se alimentam da minha escrivaninha nova, a ferrugem que não larga os pés da minha máquina de costura e a saudade de você que não me deixa. Busquei ajuda de todos pra alivia-lá. Primeiro fui a uma famosa cartomante que me prometeu um novo amor virando a esquina, depois a um monge que me disse para pensar em azul sempre que o cinza da saudade chegasse.

Resolvi apelar pesquisei no Google, Yahoo, Altavista, enciclopédia barsa e YouTube (Descobrindo que esse é o único tema sobre o qual não há nenhum tutorial). Ai fui passar um final de semana na casa da minha avó. Contei tudo a ela, disse como estava sendo difícil lidar com tanta coisa no momento e ela com toda sabedoria me passou uma receita caseira para a ferrugem, fomos ao mercado e compramos inseticida para os cupins e na hora de falar de saudade ela só me recomendou paciência mesmo que na vida tudo uma hora ou outra passa.

Logo resolvi esperar, contudo a saudade se faz cada vez mais presente. Ela veio em estado solido pesando no peito toda vez que vou respirar, esta instalada nos cantos vazios outrora ocupados pelo barulho de nossas risadas e o som de nossas vozes em eternas e bobas discussões. Ela está no meu guarda roupa em forma de moletom esquecido no cabide, nas cordas do violão já desafinadas pela falta de quem as toque, no sabor amargo da Weissbier que você me apresentou, está nas músicas de Liniker que entoávamos juntos ao limpar a casa e na ansiedade de te ver de novo como notificação no meu celular. Ela é como tatuagem se fundiu ao meu corpo, misturou-se a meu sangue e criou residência em mim.

Me tornei sua serva, vivo a mercê de seus caprichos. Se ela quer te ligar de madrugada eu ligo, se ela quer beber pra te esquecer eu bebo até cair, se ela quer que eu fale sobre você eu escrevo um texto. Então volta, bem ser minha carta de alforria e de uma vez por todas me liberta dessa maldita saudade que não me deixa.

Manoela Amaral – clique para me conhecer melhor

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