Depois de você os outros são os outros e só

Em maio comprei um casaco listrado e conheci o André, mandei um coração para ele no Happn e deu certo. Após dias conversando ele me convidou para andar de bicicleta, pois aos domingos o Minhocão é livre para pedestres. Eu aceitei e assim fomos. Depois de algumas pedaladas exaustas paramos para tomar um açaí, foi quando notei o quanto seu sorriso era lindo e ali mesmo na fila do caixa nos beijamos. Dali seguiram-se outros encontros com mais boca gelada, até que o beijo de açaí deixou de ser tão saboroso.

Em julho reformei os saltos do meu scarpam velho e fui no Happy Hour de uma amiga que trabalha numa dessas agências de publicidade, onde todo mundo é descolado e pode usar chinelo no escritório. Lá fiz amizade com Vinicius que tinha um senso de humor tão bom quanto seu gosto para séries, passamos umas três horas falando sobre o roteiro de Sense 8 e como é louca a ideia de estar conectado a um ser humano aleatório pelo mundo. Trocamos WhatApp, foram três dias intensos de mensagens respondidas prontamente, acompanhadas de debates homéricos sobre outros seriados da Netflix. Até que no quarto dia o entusiasmo tinha ido embora, a conversa foi diminuindo e em pouco tempo não nos falamos mais.

Em agosto comprei uma cafeteira e conheci Amanda, ela dormiu no meu ombro no ônibus. Acordou com cara de tonta faltando poucos pontos para chegarmos ao terminal, pediu desculpas e puxou assunto sobre o livro que eu estava lendo. Era “Felicidade” da Martha Medeiros, ela disse que amava Martha e sua crônica favorita era “Apaixonados” que trazia à tona o quanto somos egoístas ao gostarmos de alguém. Eu concordei e ri, ela pediu meu telefone para marcarmos de sair, pois parafraseando ela “Amor só se discute se for com uma boa dose de uísque em mãos” e assim foi.

Passado uns três dias lá estávamos nós no Quintandinha, dividindo uísque e nossas ideias sobre relacionamentos. Ela tinha uma visão de mundo fascinante, adorava repetir as maluquices que lia em seus livros de sociologia; E eu adoro ouvir as maluquices de quem lê livros de sociologia. Além de inteligente ela era muito cheirosa o que acompanhado do clima do lugar deu brecha a uma noite de sexo e uma manhã de ressaca. Saímos mais algumas vezes depois, mas não passamos do rodízio de japa às quartas e uísque barato nos fins de semana. Até chegarmos a um não tão trágico fim.

Em setembro adotei uma cadela vira lata de pelo marrom.

Em outubro comprei um escorredor de macarrão.

Em novembro troquei a cafeteira e o scarpam velho – contudo reformado – por um jogo de xícaras de chá inglesas e aceitei que independente da quantidade de sorrisos que se abram para mim, das conversas engraçadas que eu tiver e dos beijos que ei de experimentar nenhum será tão bom. Porque meu bem, depois de você os outros são os outros e só.

Manoela Amaral – clique para me conhecer melhor

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2 comentários sobre “Depois de você os outros são os outros e só

  1. Adorei o texto e fiquei assustada com algumas coincidências da sua história com minha vida real … poderia jurar que estávamos conectadas quando aconteceram hihihi Bom, eu sou de 08 de agosto, não sei vc!?

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    1. Oi Natalia, muito obrigada pelo carinho eu sou do dia 26 de abril. E a historia do texto não chega a ser minha historia, mas como tudo na vida tem seu lado de inspiração. E sobre estarmos conectadas, seriamos nós possíveis sense8? Fica ai a questão 😀

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