Recomendo ouvir essa música enquanto lê o texto
Começa quente, resultado do verão que a precedera, chega dando um ar diferente ao ambiente, usa um casaco com um jeans, complementa o visual com uma daquelas botas australianas – que eu amo – que mostram que o frio está chegando. Anda sem chamar muita atenção e fala simples, nunca foi de causar alvoroço. Como eu disse, ela começa quente, chega dando um shot de tequila ou vodka, não é chegada em pinga, mas se não tiver opção, fazer o quê?
Vem como uma brisa, balançando antigos relacionamentos, agitando corações empoeirados, fazendo o sangue circular de novo. As vezes pode ser seca, mas do jeito que as coisas andam ela consegue fazer chover, lavando a alma e trazendo beleza aos dias mais cinzentos.
A branquidão da pele serve como contraste para os seus fios escuros, fica com o rosto rosado quando ri ou bebe demais, normalmente joga a culpa na risada, mas a gente sabe que foi a bebida, meio desengonçada ela derruba tudo, desde copos até corpos (mas isso falaremos mais pra frente).
Ela é discreta e gosta disso, cativa na contradição entre o seu perfume e a sua voz, a doçura de uma contrasta com a acidez do outro, esse contraste causa um reboliço dentro de qualquer cara, alguns sentem calor e ficam meio desnorteados, tentando entender o que está acontecendo, outros se sentem atraídos e começam a se aproximar como se ela tivesse em si algum tipo de ímã. E claro, tem os que não gostam e acabam se afastando, ela sabe que não agradará a todos, se nem filhotes conseguem, imagine ela.
Seus dias são curtos e as noites são longas, dorme tarde, acorda mais tarde ainda, perde as horas na frente da televisão vendo séries, só vai embora da balada quando o segurança expulsa ou quando acha alguém que consiga convencer que uma cama será melhor que a próxima música. O cara tem que ser bom, ela é cabeça dura. Nunca foi de vestir coisas muitos coloridas, seus vestidos são monocromáticos, seus saltos não são muito altos, sua pele é sempre macia.
Assim que ela se acomoda no ambiente começa a fazer sua magia, você notará que ela provoca quedas. Começa derrubando discretamente alguns queixos ao chegar, é inevitável e vocês entenderiam se a visse. Os mais desavisados acabam entregando os pontos logo de cara ao vê-la passando, derrubam bebida no chão, as vezes provoca fins de relacionamento, os tradicionais amores que não sobem a serra não resistem à sua chegada, ela é a subida da serra, ela te leva ao topo.
E quando você chega lá em cima, as quedas recomeçam, seu efeito é mais forte ainda. Primeiro ela derruba sua pressão, seu beijo te deixa mole, completamente a mercê dela e suas unhas, isso quando ela não usa dentes, seus dentes são perigosíssimos.
E conforme seu beijo avança, os efeitos pioram, as quedas deixam de ser discretas, primeiro você sente um frio dominando o teu corpo, são as roupas caindo, então o mundo deixar de ser visto na vertical, você cai na cama. O clima esfria, não que ela seja uma pessoa fria, é um frio aconchegante, que acolhe, provoca a necessidade de um cobertor e dividir um cobertor com ela é uma sensação inenarrável, ela segura as duas pontas do edredom e desliza para cima da cama cobrindo ambos os corpos, ali você provavelmente terá a queda final, se não se apaixonou antes, dificilmente escapará agora. Pois sob os cobertores viramos outono. E de lá não sairemos tão cedo, porque ao amanhecer já será inverno.
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor
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