Recomendo ouvir essa música enquanto ler esse texto:
Éramos indestrutíveis. Ou pelo menos pensamos que fôssemos, “crise nenhuma irá nos abalar” eu dizia, “os outros têm inveja do que nós temos” você complementava. E quem não teria inveja de nós? Sempre sorrindo, sempre juntos, éramos ideais e inocentes demais para compreender que nada é inabalável. Vivemos meses sob essa mentira, pensamos que superaríamos qualquer problema, afinal, a gente dava um jeito sempre, certo? Tínhamos dentro de nós todo esse orgulho que só duas crianças bobas, como nós, podiam ter, acreditávamos na eternidade sem pensar sequer no amanhã, não pensávamos muito nos rumos que tomávamos. Só fomos indo, indo, até que chegou a em que tivemos que decidir, iríamos em frente ou ficaríamos por isso? Era hora de subir um degrau, chegar a um novo nível.
E adiamos o quanto podemos essa subida, as desculpas eram diversas: era muito cedo, tínhamos acabado de ficar solteiros, eu iria entrar na faculdade, você queria conhecer o mundo, tínhamos um mundo para conhecer, um mundo que poderíamos ter conhecido juntos. Por falta do mundo, resolvemos conhecer bares, conhecemos alguns quartos, cinemas, restaurantes, nos reconhecíamos na multidão, conheci a tua casa e você conheceu a minha, críamos um mundo próprio e nele só deixaríamos entrar quem nós quiséssemos e nós não queríamos nada além de nós dois. Para nós não existiam outros. Ao menos naquele momento éramos dois.
Mas estávamos errados. Nosso mundo começou a desabar, o amor pedia passagem e nós não queríamos deixá-lo entrar, o degrau ficava cada vez mais perto e cada vez mais inevitável de ser subido, mas continuamos tentando sustentar o nosso mundo, nosso universo paralelo, sem compromissos, sem obrigações, éramos livres e a liberdade tem seu preço. O amor desistiu de pedir passagem em algum momento, não vimos ele indo embora, estávamos ocupados demais tentando reparar o nosso pequeno mundo. O amor desistiu de nós sem percebemos.
E aí a maturidade começou a bater na nossa porta, acelerando ainda mais nosso encontro com aquele degrau, maturidade era algo desconhecido por ambos, éramos crianças brincando de casinha em um mundo de gigantes, ignoramos a maturidade, nos entregamos à Noite, ela era irresistível e sempre curava esses indícios de crise que às vezes surgiam entre nós. E a noite que sempre nos juntava, resolveu nos separar. A Noite nos embriagou, fez assuntos passados ressurgirem, as vozes subiram e as palavras começaram a sair impensadas.
A Noite era para gente grande e não aceitava criancice. A maturidade começou a esmurrar a porta pedindo entrada, mas já era tarde demais. Aquele degrau tinha virado uma montanha. Eu tentei escalar sozinho, desisti. Tentei te chamar para vir comigo, desistimos. Éramos crianças demais para uma escalada tão alta, o mundo era de gigantes, lembra?
O orgulho que nos manteve juntos por tanto tempo, nos destruiu. Qualquer faísca que acontecesse entre nós era rapidamente abafada por esse nosso orgulho maldito. A Noite era fria e precisávamos da chama do nosso amor, mas sem faísca, não havia fogo. Então fomos em busca de outras chamas, talvez não tão intensas quanto a nossa, mas que cumpriam a sua função básica: aquecer. Era só isso que precisávamos, nos aquecer. O amor acabou e o nosso mundo parou de girar. Mas existiam outros por aí.
Espero que você tenha achado o teu.
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor
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