Beatriz

Recomendo ouvir essa música ao ler o texto: 

Eram onze da noite quando ela disse: “Preciso de carona pra casa, me leva?”, nem olhei pro lado, apenas respondi “Porra Beatriz, não fode!”. Ela não disse nada, senti as mãos dela no meu braço e fui obrigado a virar a cabeça, os olhos dela refletiam a luz da lua, eu sabia que ficar nas mesas de fora do pub era uma péssima ideia, como iria dizer não para essa cena? Resisti mais um pouco, falando que ela morava longe, mas eu já sabia que dali três horas estaria com ela dentro do carro. Eventualmente iria ceder, se não aos argumentos, cederia à beleza, ela consegue ser convincente sem dizer uma palavra, ela te ganha pelo sorriso. Era praxe a resistência inicial ser minada pela boca dela subindo o meu pescoço.

Ela não tocou mais no assunto, deixou a cerveja entrar no meu organismo, ela sabia que as coisas eram mais fáceis a partir do 4° copo. Eu até hoje acho que ela conta, porque é sempre no momento entre o terceiro e o quarto copo que ela levanta e vai ao banheiro. Ao voltar até parece que as coisas ficam mais coloridas, o seu perfume inunda o ar, pelo menos o que me cerca, e os olhos delas ficam mais bonitos do que já são, ela sorri mais branco e seu toque parece mais suave, eu queria entender o que acontece dentro do banheiro feminino, algo mágico existe lá dentro.

Sentou ao meu lado e novamente colocou seu braço junto ao meu, com as mãos dadas embaixo da mesa ficamos lado a lado conversando com as pessoas ao redor, em determinado momento a conversa ficou desinteressante e comecei a mexer no celular, na verdade ela mexeu no meu celular, apertou no snap e fez questão de deixar no My Story uma foto nossa, sinalizando que ela estava comigo, mas só postou no meu celular. Ela gostava de fazer isso, imagino que gostava de mostrar às pessoas que pelo menos naquela noite, eu tinha dona.

Começamos a conversar entre nós e não lembro bem como, mas a boca dela estava escalando meu pescoço dez minutos depois daquela foto, era ela começando a quebrar a minha resistência, procurando pontos fracos na muralha que eu havia montado. E a Beatriz é filha da mãe, ela sempre achava uns buracos. Virei para o lado, queria encarar seu rosto, hesitei por um segundo e observei a sua boca não resisti e a beijei. Foi mais forte que eu. As pessoas ao redor nem olharam assustadas ou nada do tipo, eles já sabiam da inevitabilidade do ato.

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Próxima ao meu ouvido ela sugeriu em uma voz suave como a brisa da praia, mas tão destruidora como o mar de ressaca, “vamos embora”. Já estava tarde e realmente era um bom momento para ir, entretanto já havia entendido onde aquilo ia chegar, virei para o lado com uma cara de quem havia aceitado a derrota e disse “você é o capeta Beatriz”. Ela sorriu e me deu um abraço, escondendo seu rosto sorrindo entre os meus braços. Saiu andando e eu a chamei de volta, disse que queria ficar mais um pouco, virou o rosto um pouco de lado e sorriu enquanto seguia até o caixa. Fomos pagar a conta e caminhamos até o carro, o relógio no painel mostrava duas da manhã quando ouvi o clique do cinto. Seu nome é Beatriz e ela é inevitável.

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22 comentários sobre “Beatriz

  1. Eu amo seus textos! Muitos já me fizeram sorrir em horas que eu estava triste 🙂 Se não for muito pedir… Pode fazer um “Ana”/”Anna” por favor?

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