Maria Julia de Souza, quer morar comigo? Você pode achar que é brincadeira porque sou meio maluco e impulsivo, mas meu bem juro que não to de fogo. Venho pensando isso a um tempo, para ser mais exato desde que acampamos no Vale das pedras. Aqueles cinco dias dividindo uma barraca apertada não foram fáceis, muito por minha culpa assumo, é que a abstinência de cigarro e chiclete de canela me deixam um pouco áspero mesmo. Para piorar você estava com aquelas enxaquecas infernais, sem remédio e ainda assim sobrevivemos. Admito que no terceiro dia, quando atirei seu PSP floresta a dentro, pensei que fossemos nos matar e dormi com um dos olhos abertos. Mas olha só passamos quase uma semana dentro de uma casa de pano de um metro e quarenta e cinco centímetros e, o mais importante, estamos juntos e ainda apaixonados.

Então vem morar comigo? Os maiores perrengues já enfrentamos naquele fim de semana. Você já se acostumou com meus surtos de felicidade ao ver bonecos da DC na Rihappy, assim como eu não reclamo mais da sua obsessão por vídeo games. O que mais a vida pode fazer para provar que estamos confeccionados a nos suportar e amar sem data de validade?  Pois bem, como você costuma dizer que sou precipitado resolvi fazer diferente dessa vez, só para impressionar claro. Pensei em tudo, tudo mesmo. Na mudança suas calças, vestidos e blusas ficam do lado direito do guarda roupa, se faltar espaço a gente espreme dentro da cômoda ate caber, e se ainda não couber recomendo meu bem, que você doe algumas peças ou eu as jogarei pela janela, a escolha é sua.

“E quem vai cozinhar?” Ora essa eu! Ambos sabemos que você odeia e principalmente NÃO SABE cozinhar, assim me comprometo a finalmente usar aqueles livros de receitas que ganhei da Folha, sabe aqueles de culinária italiana que estão pegando pó na estante? Pois bem, eles serão manual de instrução dos nossos jantares. Só não fique triste se por preguiça ou desleixo o capeletti se tornar um miojo com salsicha, assim como eu não fiquei desapontado na vez que você trocou o chuveiro do meu apartamento e desde então nunca mais tomei um banho quente.

“E as contas Douglas Caíque?” Você deve estar se perguntando, pois bem Maria Julia, eu disse que pensei em tudo não disse? Assim enquanto estava na fila do banco, fiz uma planilha num app de contas para ver nossos gastos. Coloquei tudo o que me veio a mente, agua, luz, aluguel, TV, internet, Netflix, nossa cerveja sagrada de cada dia, seu consumo diário de Danone e cigarros mentolados. Não vou negar que os valores são um pouco assustadores, principalmente para um designer fudido e uma psicóloga em formação. Mas meu bem a vida é assim, falha, cara e sem tempo para ensaios, então apresente-se num ato de amor e coragem e venha dividir o teto comigo.  

Estou realmente disposto a assumir esse compromisso, até coloquei mais uma prateleira na sala para que caibam todos os seus livros de psicologia. Eles ficaram próximos aos meus gibis e, as obras do Caio Fernando. Falando nisso você já leu “Morangos mofados?” Se não, acaba de ganhar mais um motivo para dividir a casa comigo. Se você vier prometo diminuir o volume do despertador e nunca ascender a luz do quarto de manhã, vou sair tateando tudo ate achar a maçaneta e me arrumar no banheiro. Você só terá de suportar meu mau humor matutino que melhora na compra do meu jornal, também ajudaria você andar pela casa só de camisa e calcinha. Não me incomodo.

Vamos dividir os perrengues e alegrias da vida a dois. Ser o casal que recebe os amigos para jantar e, o mesmo que briga se um dos dois infringir a regra de só assistir GOT juntos, quero mandar aquelas mensagens constrangedoras ~Passa no mercado e não esquece o papel higiênico~ quero você aqui por inteiro, de vez como minha parceira. Vem morar comigo?

Manoela Amaral – clique para me conhecer melhor

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