Confesso que ligo o ar condicionado só para você dormir mais perto de mim. Que sempre te cubro à noite, por isso você acorda suada. Que eu não consigo dormir enquanto você não dorme e que eu preciso me desdobrar todo para sair da cama quando acordo antes que você, algo que acontece com certa frequência já que você dorme até meio-dia. Que você dá muito trabalho quando bebe. Que pulo seus áudios muito longos e viajo quando você começa a falar muito. Que as vezes te beijo só pra calar sua boca e que eu sei que você também faz isso comigo.

Que eu dou screenshots em nossa conversas para usar contra você no futuro, mas sempre esqueço que os tenho. Que ainda tenho fotos das minhas ex guardadas no computador e não apago por nada nesse mundo. Que eu só deixo você entrar na minha frente para ver sua bunda, às vezes é por gentileza mas, ah esquece essa parte. Que fico preocupado quando você diz que vai sair e demora para responder e não durmo bem enquanto não sei que você está bem e em casa. Que eu não sou fã de batata frita, mas peço porque você ama.

Confesso que menti sobre nosso primeiro beijo, ele não foi tão bom. Sobre o texto que te mostrei quando nos conhecemos, não era para você, mas os outros noventa e cinco foram. Menti sobre o número de garotas que já estive, foram mais. Sobre aquele vestido preto com brilhos, você não estava bem, mas eu queria sair logo. Sobre as minhas reais intenções com você, nunca quis ser um caso de uma noite. Sobre o preço do seu presente e você nunca saberá se ele foi mais caro ou barato, é um presente porra. Não fui para casa aquele dia depois da te ver, fiquei no bar com os amigos, mas não quis te preocupar, você tinha prova na manhã seguinte.

Menti sobre o seu hálito, fedia à álcool, mas os seus pais não iam notar, porque era madrugada e eles estavam dormindo. Eu sabia como arrumar a televisão, mas eram cinco da manhã e eu queria dormir. Menti sobre não sentir frio algumas várias vezes só pra você pegar minha blusa sem peso na consciência. Confesso que acabei com uma mentira fofa só pra amenizar as outras.

Confesso que você é a única pessoa que me arranca da cama para ver se tem algo na sala, para ver se o seu remédio não ficou no carro, para ver se não tem mosquito no quarto, para ver se a porta está trancada, para fazer sanduíche, porque eu não tomei banho, porque eu esqueci de tomar o meu remédio, enfim, confesso que você é a única pessoa que me tira da cama. Confesso que só finjo ter ciúmes do seu ex namorado, eu não tenho ciúmes de ninguém. Confesso que talvez tenha mentido na última confissão. Confesso que faço questão que você ande no banco do passageiro porque é o ponto mais seguro do carro.

Confesso que eu me derreti quando você disse que eu te passa segurança. Confesso que vi alguns episódios da série sem você, que às vezes demoro para responder porque estou jogando videogame, que eu nunca estou chegando quando digo que estou chegando e que meus olhos involuntariamente te procuram quando sei que você está por perto.

Confesso que sua risada é poesia e seus olhos são alguma pintura barroca-renascentista-abstrata, são tão bonitos que tive que inventar algo para eles. Confesso que já não sei mais o que confessar. Confesso que a minha intenção era fazer um poema, mas eu sempre me perco quando falo de você. Entre tantas confissões quase que esqueci de uma, que talvez nem seja necessária ser dita, provavelmente ficou mais do que óbvio em meio a tantas confissões, mas é sempre bom lembrar: você ronca.

E eu te amo.

Bruno Amador – clique para me conhecer melhor

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