Ao acabar a cerimônia a procurei pelo salão, ela estava de costas falando com a minha família, lhe dei um abraço por trás e beijei seu rosto, ela me olhou, sorriu e continuou falando com meus tios, fui veemente ignorado, ela estava falando do que queria fazer de faculdade e da sua indecisão, cogitou arquitetura, administração, publicidade, realmente não sabia o que queria fazer, minha família quase que por inteira é formada em administração, meus pais, primos e tios são em sua maioria administradores, até por isso eu escolhi este curso, me intrometi na conversa, dei minha opinião e depois de um tempo meus tios foram tirar fotos com os noivos, ela me olhou com uma cara de cão sem dono e implorou para irmos comer, sentamos na mesa e esperamos os garçons virem com o macarrão que estava passando pelo salão.
Antes de vir o macarrão vieram inúmeras taças de espumante e eu gosto pra cacete de espumante, logo bebi algumas taças, ela nem tentou me regular, estava no meu pleno direito, era espumante caramba ! Ela bebeu uma ou duas taças também, ficava bêbada com facilidade e não queria dar vexame em frente à minha família, depois de longos 40 minutos a comida começou a ser servida e ela se acabou no macarrão, seu sangue italiano aparece forte nesses momentos.
Eu não aguentava mais ficar parado, já estava na fase que o álcool me deixa hiperativo, esperei ela acabar o prato e a puxei pra pista de dança, ela estava com vergonha de dançar e ficou com mais vergonha ao me ver dançando, mas aí que está a parte boa da minha família, ninguém dança bem, então o vexame de um anula o outro, ela ficou com a Marina um tempo até começou a tocar “Dancing Queen” do ABBA, eu simplesmente precisava dançar com ela essa música, alguém devia ter filmado nós dois, porque foi demais, fui remexendo igual um imbecil até ela, a puxei pelo braço e comecei a gira-lá ao meu redor.
Eis que do nada, absolutamente do nada, começa a tocar beijinho no ombro da Valeska, olho para o palco e vejo minha prima subindo para jogar o buquê, empurrei ela para o meio da multidão e adivinha na mão de quem o buquê caiu… É, não foi na mão Dela. Caiu na mão da minha irmã, claro que a Marina deu o buquê para ela e claro que eu comecei a brincar “Ih, não vou assumir esse B.O. aí não”, rimos juntos e nos beijamos logo em seguida, eu estava completamente louco, não sei se de espumante ou por ela, provavelmente ambos.
Eram umas 3 da manhã quando fomos embora, nosso vôo saía às 14 e conhecendo ela, iríamos ter que acordar no mínimo meio dia, antes mesmo de deitar já lamentava a falta de sono que esse fim de semana estava me causando, porque eu sabia que ela iria querer tomar banho e comer antes de deitar e eu também, então iríamos demorar um certo tempo para enfim dormimos.
Acordamos faltando exatamente uma hora para o vôo, nós nos arrumamos num piscar de olhos, nos despedimos da minha família e fomos para o aeroporto. Tirando o susto que ela me deu ao falar que tinha esquecido o RG que estava no bolso da calça, nada de interessante ocorreu. No avião ela notou que eu estava digitando incessante no Ipad, perguntou o que eu estava estava fazendo, disse à ela que estava escrevendo nossa história e que esse aqui era o décimo texto.
Ela pediu para ver os escritos, botou o cabelo atrás da orelha, e com as bochechas rosadas e um sorriso incontrolável, leu deslumbrada toda nossa história ali, escrita em dez páginas, uma para cada semana até então, prometi que a faria um livro até o casamento, ela riu e meu deu um beijo, logo depois me disse: “Pode parar de escrever texto, porque eu não quero livro, me faz um filme!” Isso provavelmente fora dito em tom de brincadeira, mas eu já comecei o roteiro.
Esse é o décimo texto de uma série de contos postada todo domingo chamada Nossa História (clique para ler os anteriores).
Bruno Amador – clique para me conhecer melhor
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