A Síndrome das Tartarugas

Todo ano, no mesmo período mais ou menos (que eu não vou me lembrar agora qual é), aparece em vários noticiários na TV, ou na internet, tartarugas-marinhas saindo de seus ovos na praia e indo em direção ao mar. O quanto isso faz sentido para elas eu não sei, já que seguem apenas seus instintos, mas para nós, o quanto isso representa nossas vidas, é espantoso.

Algum de vocês que leem o texto agora, com certeza já pensaram como eu. A arrastada dessas tartaruguinhas é simplesmente um resumo cruel de toda nossa vida em uma versão da natureza, sem construções sociais ou coisas do tipo.

Ficamos acostumados a nos aconchegar nos braços de quem nos protege até certa idade (nesse caso, seriam os nossos pais, ou qualquer outra pessoa que cuidou de você durante a vida). Sempre que algo dava errado, era para eles que nós recorríamos, e ali sabíamos que estava não uma solução, mas uma forma de esquecer as mágoas, pelo menos.

Até o momento em que somos deixados à deriva. Somos aqueles ovinhos largados na praia, estamos protegidos e não fazemos ideia do que acontece do lado de fora. Enterrados, na areia quente, até a hora de sair e ver o que tem lá fora. A proteção tinha que acabar uma hora, a hora em que seríamos independentes chegou. Mas não somos tão fortes quanto pensamos.

Saímos. Olhamos em volta, não temos ideia do que fazer a não ser seguir em frente. Para um mundo que nos pertence por natureza, mas que não entendemos e nem conseguíriamos entender se quiséssemos. A experiência é a grande rainha do mar, onde as tartaruguinhas crescem e se tornam adultas, capazes de completar o ciclo. Pense no seu emprego, na sua futura família, nas pessoas que ainda vai conhecer. Estão todas ali, logo em frente, só que você não sabe se vai realmente conhecer tudo isso.

Mas, até chegar ao mundo de incertezas, ainda temos que atravessar a praia, onde existem predadores e demais perigos. O quanto a vida gosta de nos bater? Pequenas tartarugas andando em linha reta, se arrastando, com um grande ponto de interrogação na sua frente. Até onde irão chegar?

Nenhuma delas sabe. Elas só vão. Assim é a vida. E as que conseguem, ainda terão muito pela frente para enfim, voltarem as suas praias e começarem tudo de novo. Você vai querer proteger alguém, de um jeito confortável, até que chegue a hora de deixá-lo caminhar sozinho. Como um dia você já fez.

Lucas Fiorentino – clique para me conhecer melhor.

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