Mesa para seis

“Seis pessoas?” Perguntou o garçom, seu pai respondeu balançando a cabeça em sinal de afirmação, completamente sem jeito me levantei da cadeira e me dirigi até onde eles estavam, Ela estendeu sua mão para mim e entramos lado a lado na área de mesas, sentei entre ela e sua irmã, à minha frente sua mãe com o irmão na esquerda e o pai na direita. Novamente o interrogatório começa, você faz o que de faculdade? Queria impressionar, logo disse que fazia duas faculdades – o que não é mentira eu “faço” duas – administração e economia, ele disse que tinha feito economia e perguntou se eu estava gostando do curso – podia ter menos matemática, pensei – eu adoro! Respondi. Não pude deixar de reparar em como Ela estava linda, nós resolvemos sentar do lado de fora do restaurante e o Sol refletindo em seu cabelo estava algo de outro mundo, os óculos escuros faziam com que ela parecesse alguma atriz de Hollywood.

O garçom também surge afim de me fazer um interrogatório, já escolheram seu prato? O que querem para beber? Desejam alguma entrada? Posso lhe recomendar a sugestão do chef? Todos responderam as perguntas e o silêncio se estabeleceu por breves segundos, até a irmã dela irromper o agradável silêncio cutucando sua mãe e dizendo “Mãe! Você sabia que ele escreve!?”, aí ferrou, mais um interrogatório, dessa vez feito por todas as mulheres da mesa, incluindo Ela. “Sobre o que você escreve?” “Você faz poema?” “Mas é tudo uma história só? ” sua mãe é interrompida por Ela “Ele já fez um livro mãe” “O QUE? COMO ASSIM? ” ” Aí filha ele já te escreveu algo!? ” o silêncio volta, eu olho pra Ela, Ela me olha meio que me cobrando um texto e eu sou obrigado a admitir:”sim”.

Ela me olha incrédula,” Já!? ” “Sim, só não te mostrei ainda, ele se chama perdidos“(se quiser dar uma olhadinha é só apertar no link), ela pede para ler e conforme seus olhos avançam na leitura, seu sorriso aumenta, ela me dá um beijo ao acabar, depois sua irmã lê, junto com seu irmão, o irmão brinca comigo e diz: “ah assim fica fácil pegar menina”, a irmã fica toda boba e diz que amou a mãe e o pai lêem juntos e se divertem com as minhas linhas, mais gostoso do que escrever é a reação das pessoas ao ler, os suspiros, os sorrisos e a expressão de satisfação que fazem quando acabam de ler, provavelmente consegui o aval da família inteira para estar com ela depois dessa demonstração gigantesca de carinho.

Almoçamos e claro que eu insisti em pagar a minha parte, mas antes mesmo de eu estender o dinheiro, o pai dela deu o cartão pro garçom e disse para ele passar tudo, agradeci meio sem graça e nos levantamos rumo à saída, a irmã dela queria ir no shopping, Ela também, o resto da família queria ir pra casa dormir. Me ofereci para sair com elas e depois as deixaria em casa, o pai me olhou meio torto e brincou “que foi, quer pegar as duas filhas?”, rimos e eles se despediram de nós.

A irmã dela reclamou dizendo que iria ficar de vela, eu e Ela apenas ignoramos e saímos andando na frente. Depois de duas horas e muito tempo escolhendo roupa, provando vestido, saia, blusa, camiseta, short, calça – elas renovaram o guarda roupa todo – fomos para a casa. Elas me convidaram para subir, mas eu precisava vir logo pra casa, precisava da minha soneca pós almoço.

Arrumei o caos que estava a casa, me deitei na cama e liguei a televisão, quando abri o Facebook vi que toda a família dela tinha me adicionado, o rumo que eu e ela começamos a tomar era completamente inesperado para ambos, não era para termos crescido tanto em tão pouco tempo, ela me chamou mais tarde no WhatsApp para me agradecer pelo fim de semana: “Obrigado por tudo que você tem feito por mim”, aquela mensagem me fez sorrir, é raro encontrarmos pessoas que agradeçam essas coisas pequenas que fazemos. É bizarro pensar que em duas semanas saímos de um beijo despretensioso para eu conhecer toda a família dela, exemplo concreto dos rumos inesperados que cercam todas as coisas que faço, olhei para cima e fiquei pensando em o quanto essa história ainda daria o que falar, fiz alguns planos, que ficarão para semana que vem.

Esse é o sexto texto de uma série de contos postada todo domingo chamada Nossa História (clique para ler os anteriores).

Bruno Amador – clique para me conhecer melhor

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