Ele mora na travessa à esquerda depois do cruzamento. Ela, seguindo a rua, depois da rotatória, virando a direita. Ele é apressado, olhar cabisbaixo, pensamentos vagos. Ela, decidida, vislumbra o horizonte, um milhão de coisas ao redor, mas nenhuma passa despercebida. Ele é largado, pensando porque a vida não retribui todo o amor que carrega consigo. Ela, organizada, planejando sua próxima viagem. Ele não viaja, não fisicamente. Quando cai a noite, começa a pensar por que não consegue dormir. Ela não dorme por stress. Ele fala subjetivamente, prolonga a sentença. Ela é direta, eficaz. Ele não dorme por conta de seus devaneios, essa é a resposta. São tantos problemas no mundo, o que será que eu faço pra mudar tudo isso? Ela não pensa muito sobre isso, mas já fez muito mais que ele. Ele, que espera uma luz cair sobre sua mente e dizer por onde seguir, mal sabe que a luz pode ser Ela. Ela, que de tão sistemática, sente falta de um coração mais emotivo, poderia contar com ele. Ele, Yin. Ela, Yang. Ele foi feito pra Ela. Ela, pra ele. Ele foi ao supermercado comprar um engradado de cervejas. Ela, comprar o seu café da manhã. Ele parou na frente d’Ela na fila do caixa. Ela quase o cortou. Ele, educado, cedeu seu lugar. Ela, agradecida disse um “obrigada”. Ele perguntou se tinham estudado juntos no primário. Ela fez que “não” com a cabeça. Ele ficou sem graça. Ela deu um leve sorriso. Ele, com sono bocejou. Ela deu mais uma risada. Entre eles, o querido destino parece ter feito com que em um simples mercado, Ele e Ela virassem um só. Para Ele, um Nós. Para ela, idem.

Lucas Fiorentino – clique para me conhecer melhor.

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