É sereno,
Sempre chega do nada,
Em silêncio
E de repente
Estou gostando,
Ele não é escandaloso,
Nunca chega fazendo barulho,
Mas instaura o caos ao se estabelecer,
Costuma ser duradouro,
Dura meses,
Por vezes anos,
As vezes ele não acaba,
Só o guardo,
Na gaveta,
No armário,
Ou deixo ele quieto,
No meu coração,
É onde meu gostar se manifesta,
O acelera,
O faz parar,
Também me dá borboletas no estômago,
Calor no peito,
Espamos nas mãos
E insônia,
Se um dia meu gostar resolve ir,
Afinal,
“Que não seja imortal,
Posto que é chama”
O deixo ir,
Ele vai embora,
Sempre pela porta de frente,
Sempre com a chave,
Sempre encontrará abrigo se voltar,
Se o quarto estiver ocupado,
Fique na sala,
Sempre cabe mais um.
Gosto de ver meu gostar bem,
Até por isso o deixo ir,
Sei que fiz meu melhor,
E as boas memórias sempre se sobrepõem,
Deixo meu gostar ir,
Pois gosto de gostares novos,
Gosto de primeiros beijos,
Primeiros sorrisos,
Gosto da serenidade que o gostar traz
E nenhum gostar é igual o outro
Nenhum substitui o outro,
Os gostares são incomparáveis,
Existem gostares loiros,
Ruivos,
E morenos,
Sem esquecer dos gostares coloridos,
Esses são os melhores,
São quentes,
São chama,
Pena que não são imortais.